Brasil

"Necessidade" de comprar é mais forte que medo da covid nos mercados

Filas, desrespeito ao distanciamento e até pessoas sem máscaras: pandemia não assusta no comércio

Consumidores fazem fila para entrar em supermercado de Campo Grande na vespéra do feriadão. (Foto: Henrique Kawaminami) Consumidores fazem fila para entrar em supermercado de Campo Grande na vespéra do feriadão. (Foto: Henrique Kawaminami)

Medo da covid-19? Apesar de mais 50 mortes em Mato Grosso do Sul anunciadas nesta quinta-feira (1º), véspera de Semana Santa, nos supermercados e no comércio de chocolates para a Páscoa, nem parecia que se vive o momento mais grave da pandemia. Filas, gente próxima uma da outra, pequenos agrupamentos, movimento de um dia comum praticamente foi a realidade encontrada pelo Campo Grande News e relatada por leitores.

Parte deles está indignada com as cenas presenciadas, de lugares cheios para as compras do fim de semana de celebração da Sexta-Feira da Paixão, Sábado de Aleluia e Domingo de Páscoa. Outra parcela diz que até tem receio de se contaminar, mas alega ser impossível ficar sem ir presencialmente aos estabelecimentos comerciais.

Os mercados não estão com restrição de abertura até o horário de toque de recolher, mas em tese, não deveria haver aglomeração, e precisariam ser cumpridas regras de biossegurança contra o vírus. As cenas vistas mostram a maioria das pessoas de máscara, mas nem sempre usando álcool gel ou respeitando a distância mínima de 1,5 metro para outra pessoa.

“Sempre vou na hora do almoço porque é mais vazio. Mas hoje tava lotado, com mais de 10 pessoas por fila”, testemunha a aposentada Soraia Petelincar à reportagem sobre a experiência de consumidora.

"É passeio?" - “Parece que como o povo não pode ir em lugar nenhum mais, tá indo passear em supermercado. Na porta, o que achei positivo, é que os seguranças estavam pedindo para entrar só uma pessoa por família, para não ficar tão lotado”, pondera.

Ela apoia iniciativas assim. Em outro mercado, contou, “eles distribuem senhas para quando chegar em uma lotação máxima, não entrar mais ninguém”

No Centro, em loja de departamentos que também vende ovos de chocolate, a cliente Cris Oliveira, de 30 anos, disse ter medo da covid. “Mas não tem como não sair de casa”, justificou.

Diz ter aproveitado hoje, que acreditava ser um dia de menos movimento  do que amanhã, para as aquisições de ovos de Páscoa.

Informações enviadas por leitores ao Canal Direto das Ruas do Campo Grande News apontavam locais cheios de norte a sul da cidade. Foram indicados pelo menos meia duzia de locais.

No Jardim Aero Rancho, a reportagem presenciou filas de pelo menos 20 pessoas em uma loja de rede de supermercados.

O estacionamento estava com ocupação considerável, mas ainda tinha vagas.

Uma das pessoas à espera do atendimento no caixa, a vendedora Rosemaire Miguel, 48 anos, repetiu a fala de que não há como não enfrentar a tarefa.  Ela contou ter ficado 2h30 dentro do local.

"Está bem complicado, mas a gente tem que fazer as compras. Tem que vir. Tomando todos os cuidados", assegurou.

Enquanto passava álcool no carrinho para transportar os produtos comprados, Luzinete Monteiro, 59 anos, contou que chegou a dar bronca no marido porque ele havia esquecido de fazer o procedimento de prevenção.

"Medo a gente tem, mas precisa comer. Então a gente vem tomando muito cuidado”, disse. São só os dois morando na casa, por isso não há que faça por eles.

Estavam de máscara e trouxeram álcool de casa.

Regras - Pelo decreto em vigor, os mercados podem abrir até às 21h em Campo Grande, que está na classificação vermelha do mapa de risco de contágio da covid em Mato Grosso do Sul

Considerado essencial, o setor é um dos únicos que pode ter venda presencial, desde que obedecida a regra de uma pessoa por família, sem consumo no local.

A prefeitura de Campo Grande informou que, na semana passada, quando a cidade teve um feriadão antecipado para frear a pandemia, a equipe da Vigilância Sanitária fez ação específica em supermercados para verificar o cumprimento das medidas de biossegurança. "Todos os estabelecimentos foram vistoriados, sendo que em apenas um deles foi necessário a expedição de um auto de infração", informou nota enviada à redação.

Segundo informado, nesta semana as ações estão voltadas para o atendimento de reclamações, inclusive algumas relacionadas a mercados, ainda sem balanço.

A orientação dada é denunciar problemas ao telefone da Ouvidoria, o  3314 9955.


(Matéria editada às 17h39 para acréscimo de informações da prefeitura)

Comentários