Brasil

Número de mortos por Covid-19 no Brasil 'ultrapassou o limite do bom senso', diz Mourão

Vice deu declaração um dia depois de país passar das 300 mil mortes por Covid. Ele defendeu que medidas de restrição devem ser adotadas por governadores e prefeitos.

O vice-presidente Hamilton Mourão declarou nesta quinta-feira (25), em entrevista no Palácio do Planalto, que o número de mortes por Covid-19 no Brasil “ultrapassou o limite do bom senso".

Mourão deu a declaração um dia depois de o Brasil passar da marca de 300 mil óbitos, com média móvel acima de 2 mil mortos por dia.

O país ainda enfrenta falta de leitos de UTI e de medicamentos para intubação, enquanto a vacinação não deslancha – 6,32% da população recebeu a primeira dose do imunizante até a noite de quarta (24).

Mourão comentou o número de mortos no Brasil ao tratar da criação de um comitê junto ao Congresso, anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro, para definir medidas contra a Covid-19.

Mourão citou o trabalho do Ministério da Saúde, agora comandado pelo médico Marcelo Queiroga, para habilitar leitos de UTI, comprar insumos e aumentar o ritmo da vacinação, esforços para tentar controlar a pandemia.

 

“Agora vamos enfrentar o que está aí e tentar de todas as formas diminuir a quantidade de gente contaminada e, obviamente, o número de óbitos que, pô, já ultrapassou o limite do bom senso", disse Mourão.

 

'Lockdown' nacional

Mourão voltou a se manifestar contra medidas de abrangência nacional para restringir a circulação de pessoas e tentar reduzir o ritmo de infecções, internações e mortes por Covid-19. O vice entende que seria difícil fazer cumprir uma restrição generalizada porque o país tem desigualdades regionais e defendeu que governadores e prefeitos adotem esse tipo de medida individualmente.

"Não vejo condições de 'lockdown' nacional, que é algo que está sendo discutido. Um país desigual como o nosso, isso é impossível de ser implementado. Vai ficar só no papel. Eu julgo que essas medidas restritivas têm que ficar a cargo dos governadores e prefeitos, porque cada um sabe como que está a situação na sua área", declarou Mourão.

O vice-presidente, que participou da reunião de chefes de poderes no Palácio da Alvorada, ainda afirmou que está bem colocada a tarefa delegada ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de dialogar com governadores e levar as demandas ao comitê anunciado por Bolsonaro.

 

Ernesto Araújo e vacinas

 

Segundo Mourão, a reunião de quarta definiu que o governo vai intensificar os esforços para conseguir com outros países insumos e vacinas.

O vice admitiu que há pressão para demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que, segundo relatos, teve o trabalho criticado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

"É uma pressão que vem ocorrendo. O ministro Ernesto tem a confiança do presidente da República, não é? E está procurando fazer o trabalho dele nos contatos com a China, com a Índia, com o próprio EUA nesta questão de vacinas", disse Mourão.

O vice ponderou a dificuldade para se conseguir vacinas, já que os países que dispõem dos imunizantes priorizam suas populações.

"A questão da vacina é muito claro: quem tem, sentou em cima. Está aplicando a lei de Mateus: 'primeiro os meus'. Então, é uma briga isso aí", afirmou.

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