Autoridades confirmaram neste domingo (27) a morte de 58 pessoas no rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte. O balanço divulgado no começo da noite apontava ainda 305 desaparecidos, entre moradores e funcionários da Vale.
No terceiro dia de buscas, bombeiros e Defesa Civil informaram que continuariam o trabalho mesmo depois de 20h, já que um segundo ônibus soterrado foi localizado perto da área administrativa da Vale.
O tenente coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil de Minas Gerais, disse em entrevista coletiva que o número de mortos deve aumentar, já que há corpos dentro do ônibus, mas a quantidade ainda não tinha sido confirmada.
Também na noite deste domingo, o Governo de Minas suspendeu o recebimento de donativos, informando que o material já é suficiente para o socorro das pessoas afetadas.
Buscas suspensas
À tarde, as buscas foram retomadas após terem sido temporariamente interrompidas pelo risco de rompimento de uma outra barragem na região. A interrupção ocorreu depois que uma sirene de segurança foi acionada por volta das 5h30.
De acordo com a Vale, foi verificado um aumento dos níveis de água nos instrumentos que monitoram a barragem 6. Como medida preventiva, os moradores da região chegaram a ser deslocados para os pontos de encontro determinados previamente no Plano de Emergência. Cerca de 3 mil pessoas foram orientadas a deixar suas casas.
Por volta das 15h, a Defesa Civil informou que o risco de novo rompimento diminuiu. Moradores que tinham sido desalojados foram autorizados a retornarem para suas residências
Um morador da parte baixa de Brumadinho disse em entrevista ao vivo à GloboNews que se assustou com o alarme e que, inicialmente, não sabia do que se tratava exatamente. Segundo ele, os vizinhos começaram a ligar uns para os outros para entender o que estava acontecendo e foram para a parte alta da cidade só depois que a Polícia Militar confirmou que todos deveriam deixar suas casas.
“Larguei a casa, peguei só uns suprimentos e documentos e fui embora. Não teve nenhum treinamento para saber se podíamos pegar mais coisas”, disse.
Dinheiro bloqueado
A Justiça já bloqueou R$ 11 bilhões da Vale. Os bloqueios têm objetivo de garantir recursos para reparar os danos causados, indenizar as pessoas atingidas pela tragédia e custear despesas ambientais.
Veja as decisões de bloqueios de recursos da Vale:
- R$ 1 bilhão para atendimento às vítimas, em ação movida pelo governo de MG
- R$ 5 bilhões para danos ambientais, em ação movida pelo MP
- R$ 5 bilhões para atendimento às vítimas, em ação movida pelo MP
Além disso, a companhia recebeu duas multas. Uma, de R$ 250 milhões, aplicada pelo Ibama, e outra, de R$ 99 milhões, aplicada pelo governo do estado.
O que se sabe até agora:
- Há ao menos 58 mortos, segundo os bombeiros; entre eles, 19 foram identificados .
- 192 sobreviventes foram resgatados.
- De acordo com a Defesa Civil, 305 pessoas estão desaparecidas - entre moradores locais e funcionários da Vale. No sábado, a Vale divulgou uma lista com nomes de pessoas que não foram encontradas ;
- Familiares de desaparecidos buscaram informações no IML de BH. Uma força-tarefa foi formada, mas a identificação dos corpos é difícil;
- Dezesseis corpos foram identificados -
- Bombeiros divulgaram lista de 183 nomes de pessoas que foram achadas vivas;
- A Vale já teve três bloqueios de recursos, de R$ 1 bilhão, R$ 5 bilhões e R$ 5 bilhões e recebeu multas no total de R$ 350 milhões;
- As Polícias Federal e Civil abriram inquéritos sobre o rompimento;
- O presidente Jair Bolsonaro, ministros, o governador Romeu Zema e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge sobrevoaram a área e prometeram ações de investigação, punição e prevenção;
- A ONU emitiu nota de pesar e ofereceu ajuda nos esforços de busca.
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