DOURADOS

Parada LGBT+ pede amor pela diferença e destaca momentos de luta e oportunidade

Parada aconteceu em Dourados no sábado - Crédito: Amanda Mesa Parada aconteceu em Dourados no sábado - Crédito: Amanda Mesa

A Parada LGBT+ de Dourados, realizada no último sábado, dia 29, foi marcada vários atos políticos. Um momento em que a comunidade saiu às ruas para dizer sim ao amor pela diferença por meio do lema deste ano: "nem rosa, nem azul: nossa luta é colorida". A história do movimento é marcada por violências e exclusões, mas também por resistências e por “expor realidades”, segundo a organização.

Para Franklin Schmalz, um dos organizadores do evento, a fala é sobre dignidade, direitos humanos e superação de situações precárias de vida. Ele relata que o movimento LGBT precisa se colocar nos espaços de construção de políticas públicas, nos conselhos, nos núcleos, nas universidades e também precisa colocar sua agenda na pauta da disputa do poder. “Não será a ‘representatividade’ comercial e da grande mídia que vai nos dar a superação da opressão, mas sim a luta diária e coletiva em todos os espaços e contra todas as opressões”, afirma.

Essa foi a 7ª Parada, após o evento ser retomado no ano passado, organizado de maneira independente por um coletivo de pessoas que responderam a uma postagem feita pelo jovem Adrian Silva de Paula, criador do evento no Facebook. Neste ano, em cima do trio elétrico, ele falou do seu desejo de ser cientista social e repudiou os retrocessos do atual Governo Federal, como os cortes na educação. 

As histórias se cruzavam e a cada fala uma emoção. Adrian também posou ao lado da ativista Cláudia Assunpção, um ícone na luta LGBT+ de Dourados. A história do evento relaciona-se à da Associação de Gays, Lésbicas e Transgêneros de Dourados (AGLTD) fundada por uma luta de destaque para ela, no dia 12 de agosto de 2004. De resistência, somada a de muitas outras pessoas, um ano após a fundação foi realizada a primeira Parada de Dourados.

De lá para cá muita coisa mudou, mas ainda há um longo caminho pela frente, de acordo com eles. O Movimento apresentou, recentemente, a Câmara de Vereadores e a Prefeitura as demandas que passam pela criação de políticas públicas voltadas a esta população, como o Conselho Municipal, além da inclusão da Parada LGBT no calendário oficial do município. Entre elas, ainda estão ainda medidas de combate à violência Lgbtfóbica, pela igualdade de direitos no acesso à saúde, educação e cultura, lembrando que a expectativa de vida de uma travesti, por exemplo, é de 35 anos para 75,8 anos dos brasileiros.

Devido a esse fator também há uma grande preocupação relacionada ao mercado de trabalho. Primeiro pela capacitação dos profissionais dos serviços públicos para atendimento adequado e segundo pela própria capacitação e constituição de parcerias para criação de oportunidades dignas para pessoas LGBT+, principalmente as transexuais. Entre as participantes, uma delas trazia um bilhete escrito: “empregue uma trans”.

De acordo com o relato da professora Nosli Melissa de Jesus Bento, no blog da Parada, normalmente, quando elas aparecem na mídia, são em programas “policialescos e sensacionalistas” que exploram as tragédias da vida humana. “Neles somos apresentadas de forma marginalizada, como as que roubam e furtam”, afirma. “É hora de reivindicar o fim da violência, do preconceito e de pedir oportunidades para que as pessoas possam ter um trabalho digno, para que possam acessar o sistema de saúde pública através de profissionais qualificados, para que possam estudar sem serem expulsas da escola e etc”, diz Schmalz. De acordo com o organizador, parece absurdo condenar, subjugar e oprimir alguém por não seguir um padrão de gênero ou sexual. 

As reivindicações entregues a administração municipal, para tanto, ainda pensaram no suporte, apoio e acompanhamento à família e ao indivíduo LGBT+, que pelo preconceito acaba passando por situações vulneráveis, como relacionadas à violência e suicídio. Consideraram importante à promoção de iniciativas da saúde física e mental da comunidade, além de casas de passagem e acolhimento para LGBT+ e pessoas vivendo com HIV/AIDS.

Entre as falas, foi destaque ainda a importância da representatividade LGBT+ na política, sabendo que as desigualdades e todas as lutas apresentadas só podem ser vencidas com participação do movimento. Pautas com a temática vêm “sofrendo” com as fortes bancadas conservadoras, segundo as narrativas. A Parada de SP, considerada pela politização não partidária, no ano passado, por exemplo, teve como tema a reflexão: “Poder para LGBTI+: Nosso Voto, Nossa Voz”.

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