Pesquisadores de três universidades brasileiras comparam o descontrole da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) em Dourados ao ocorrido em Manaus, capital do Amazonas que chegou a registrar 79 óbitos atribuídos à doença em um único dia, 15 de maio, com 96% de taxa de ocupação de leitos hospitalares.
Em relatório técnico elaborado com números contabilizados de 23 de maio a 23 de junho, alertaram que a contaminação na maior e mais populosa cidade do interior de Mato Grosso do Sul “é exponencial crescente e não dá sinais de recuo”, bem como “o número de óbitos pode dobrar nas próximas duas semanas”.
Destacaram que a comparação com Manaus, considerada um caso emblemático no Brasil, contribui para antecipar cenários futuros. Para isso, usaram como referência o número de casos diários por 100 mil habitantes.
O estudo detalha que no começo da série temporal Manaus apresenta evolução com velocidade mais acentuada que Dourados, mas próximo ao ponto de arrefecimento da curva da capital do Amazonas, a evolução douradense “começa a apresentar velocidade crescente com inclinação próxima à registrada anteriormente em Manaus, por tempo também semelhante”.
“Após um ligeiro arrefecimento, a velocidade da curva que indica os casos de contaminação de Dourados segue sem sinais de mudança de padrão. É possível identificar que as curvas de casos por cem mil habitante se aproximam e que as curvas que mostram a velocidade da contaminação também se aproximam, considerando os critérios apresentados”, pontuam.
Até o dia 23 de junho, data final de referência para obtenção de dados usada pelos pesquisadores, Dourados tinha 1.964 casos confirmados e 13 mortes causadas pela Covid-19. Na divulgação mais recente feita pelas autoridades municipais, de terça-feira (30), já eram 2.536 confirmações, com 23 óbitos.
Uma das motivações para os pesquisadores voltarem os olhos a Dourados foi o fato de que “mesmo sob a alardeada interiorização da pandemia no Brasil”, o caso do município sul-mato-grossense “chama a atenção pelo fato de, mesmo com uma população equivalente a 1/4 da população de Campo Grande, apresenta um número total de casos diagnosticados aproximadamente 50% maior do que os registrados na capital”.
Comentários