Campo-grandenses que precisam fazer uso de bolsas de ostomia e dependem da saúde pública para obter os kits vêm enfrentando problemas por conta da falta do material na prefeitura. Há pelo menos um mês alguns tipos de bolsa não existem mais em estoque e a demora do poder público em agilizar a compra dificulta a vida de quem não pode arcar com os custos dos materiais.
A dona de casa Eva Ferreira da Silva Duarte, de 44 anos, usa o kit há três anos desde que precisou fazer cirurgia e as necessidades fisiológicas acabaram tendo que ser direcionadas para a bolsa.
Sem condições de comprar os kits, ela depende do Centro de Especialidades Médicas (CEM) da prefeitura para obter o material. A indicação médica é que as bolsas sejam descartadas em no máximo a cada três dias, por isso, Eva tem direito a 15 kits por mês.
No início de agosto, ela foi até o CEM como de praxe, mas foi surpreendida com a notícia de que as bolsas 70 mm, modelo que ela usa, estavam em falta e que somente as placas que são afixadas no corpo poderiam ser entregues.
"Eles só me deram três placas e as bolsas não tinham. Falaram que estavam em processo de compra, mas que não tinha previsão para chegar. Desde então eu tenho ligado e continua sem previsão", disse a dona de casa.
Sem as bolsas novas, Eva e vários outros ostomizados precisam lavar os materiais e reutilizá-los, cuidando para que os itens não rasguem ou possibilitem desenvolvimento de bactérias.
Os valores dos kits das bolsas variam conforme o modelo e a marca. A reportagem encontrou kits com 10 bolsas e placas que variam entre R$ 60 e R$ 120.
PROBLEMAS
Presidente da Associação dos Ostomizados do Estado de Mato Grosso do Sul, Lana Maria Flores disse ao Portal Correio do Estado que a entidade está ciente da falta de alguns tipos de bolsa, principalmente a 60 mm. No entanto, a associação soube do problema nesta semana.
Lana confirmou que há um processo de licitação para compra dos materiais em andamento e que a própria associação participou da Câmara Técnica que escolherá a empresa que fornecerá os itens.
No Diário Oficial de Campo Grande não consta nenhuma publicação recente de lançamento de licitação ou extrato de compra para suprir a falta das bolsas.
A reportagem tentou contato com o secretário de saúde da Capital, Ivandro Fonseca, mas nenhuma ligação foi atendida. A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) informou que o problema está sendo verificado porque as bolsas são repassadas para a prefeitura pelo Governo.
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