Para tornar os dias mais leves e animados, avôs criaram o grupo “Meu Cotidiano na Quarentena!!!”, no Facebook. Por serem do quadro de risco, eles estão isolados, e resolveram compartilhar a rotina de casa, postar fotos da paisagem e até comentar sobre assuntos que marcaram as décadas de 60, 70 como música e cinema.
“A motivação é justamente essa, as pessoas comentarem, debater experiência, inclusive culturais. Se for postar uma música, a pessoa cita de onde conheceu, se foi num filme que viu, aí outros comentam sobre aquilo, dando a opinião”, explica o economista, Edgar Soruco, 69 anos.
Ele é um dos fundadores do grupo que surgiu em abril em Campo Grande e já reúne quase 500 pessoas de Mato Grosso do Sul e também outros estados e até países diferentes. “Tem do Rio de Janeiro, São Paulo, Canadá, Estados Unidos, Bolívia, Argentina, Uruguai, Chile e até pessoas da Alemanha, Espanha e França”, diz.
A ideia do grupo surgiu durante uma conversa entre Edgar e o amigo, Alfredo Sulzer, 74 anos, e começou com os conhecidos de Corumbá e Campo Grande até se espalhar pelo mundo. A proposta também é fugir das notícias trágicas envolvendo o novo coronavírus, assim, os integrantes podem se distrair sem ficar batendo na tecla do “caos”.
Religião e política são outros assuntos proibidos no grupo, desta forma, todos evitam conflitos e discussões desnecessárias, já que o momento exige união e alegria.
Outra questão importante, a maioria dos integrantes está na terceira idade, mas tem algumas pessoas que mais jovens, que também estão na área de risco da pandemia. “É um pessoal de uma certa idade, eu mesmo estou beirando os 70, e boa parte é dos 60 pra cima”, observa Edgar.
Os amigos virtuais costumam postar fotos de pratos prontos, paisagens para mostrar como estão a vida ao seu redor e vídeos. “Também fazemos publicações sobre filmes da década de 60, coisas que vem na memória de um velho”, brinca Edgar.
Ele afirma que já tinha a rede social antes e agora, está usando ainda mais a seu favor.
“É uma forma de matar a saudade dos velhos tempos. Tive um amigo, contemporâneo de geração, que faleceu há dois anos. A gente costumava conversar sobre coisas do passado, porém, depois que partiu ficou o vazio. Agora, tenho para quem mostrar e revelar meus pontos de vista daquela época, pois eles [integrantes] também viveram aqueles momentos e podem complementar a opinião”.
Conforme Edgar, é diferente quando uma pessoa mais velha tenta conversar com um jovem que não viveu a mesma experiência, pois, geralmente, ele não sabe falar com propriedade sobre certos assuntos.
E falando em experiências, Edgar relata que nunca imaginou que passaríamos por uma pandemia que necessitasse um isolamento. “É a primeira vez que vejo isso, não esperava que um dia viveríamos essa situação”.
Para entrar no grupo também é preciso seguir alguns critérios, estar em isolamento social, ter vivido a década de 50, 60 e meados da 70, e compartilhar suas experiências de forma respeitosa e amigável. Assim, a união prevalece e os amigos podem se conhecer e aproveitar a quarentena da melhor forma. Quer participar? Só pedir para entrar, o link é: Meu cotidiano na quarentena.
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