Após quatro anos, a estrutura montada pelo Governo do Estado para a conservação e manutenção de 189 espécies de peixes que serão futuramente transferidas para os tanques do Aquário do Pantanal tornou-se um laboratório de referência, com destaque internacional devido aos resultados obtidos nas pesquisas sobre peixes de água doce realizadas no local.
Até o momento, os profissionais que trabalham na Quarentena realizaram a reprodução de 49 espécies de peixes, sendo 23 delas nativas dos rios da região pantaneira. Sete desses registros são inéditos no mundo e outros três foram documentados pela primeira vez no Brasil. Esses resultados já estão sendo transformados em artigos científicos e serão submetidos a publicações nacionais e internacionais, contribuindo na produção de conhecimento na área de Ictiologia (ramo da zoologia que estuda os peixes), além de também contribuir com técnicas inovadoras para a piscicultura.
“É um trabalho de grande responsabilidade e ao mesmo tempo gratificante, pois nossos estudos obtiveram resultados inéditos no Brasil e no mundo e que poderão ser divulgados por importantes publicações científicas nacionais e internacionais. Hoje temos várias parcerias com técnicos, tanto do Estado, como do restante do país. Recebemos visitantes do exterior, alunos de pós-graduação e professores”, comenta o biólogo Heriberto Gimênes Junior, coordenador técnico do Laboratório de Ictiologia da Quarentena do Aquário do Pantana e que já atua no local há quatro anos.
Na última quarta-feira (19), Heriberto apresentou os resultados obtidos na Quarentena desde junho de 2015, quando foi assumida pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), órgão vinculado à Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar). Atualmente, a equipe responsável pelo laboratório e manutenção dos tanques e aquários da Quarentena conta com técnicos ligados ao Imasul e profissionais contratados por meio de convênio com a Fundect.
“O legado que vamos deixar é a produção de conhecimento científico, com resultados inéditos no mundo. Isso nos mostra a importância do trabalho realizado pelos profissionais da quarentena. Vamos fomentar o intercâmbio com instituições de pesquisa do Brasil e do exterior, possibilitando que acadêmicos de graduação e pós-graduação possam contribuir, desenvolvendo trabalhos de conclusão de curso e estágios no local”, comenta o secretário Jaime Verruck, da Semagro.
De acordo com Heriberto Gimênes, a Quarentena do Aquário do Pantanal é, atualmente, o maior laboratório de peixes pantaneiros do mundo, com 150 tanques ativos que abrigam 189 espécies de peixes neotropicais: 135 espécies pantaneiras; 55 da Amazônia; 14 africanas e outras da Oceania, Ásia e América Central. “É um desafio proporcionar o bem-estar para 189 espécies de peixes”, comenta o biólogo.
Ele lembra que o “carro-chefe” da produção científica produzida na Quarentena é a atualização do inventário da ictiofauna da bacia do Alto Paraguai que irá se materializar com a publicação do Guia ilustrado dos Peixes do Pantanal e Entorno. “É uma atualização das espécies do Pantanal que vai virar um guia fotográfico e atender diferentes tipos de público, desde ribeirinhos até a comunidade científica. Além disso, temos a produção de artigos científicos, cartilhas educativas e o protocolo de manejo de peixes neotropicais, que está sendo desenvolvido, com previsão de ser lançado no próximo ano”, finaliza Heriberto.
Atualmente, a equipe do laboratório de Ictiologia da Quarentena do Aquário do Pantanal também conta com Ricardo Rech, biólogo, Mestre em Ecologia, responsável por produção científica e manejo de peixes neotropicais; Carla Laryssa Kovalski Dias, bióloga, responsável pelo bem-estar animal e manejo de peixes neotropicais; Mayara Schueroff Siqueira, médica veterinária, Mestre em Biologia Animal, responsável por produção científica, controle e biossegurança do plantel; Guilherme Nunes Kinjo Junior, zootecnista, responsável pela nutrição do plantel e manejo de peixes neotropicais.
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