MATO GROSSO DO SUL

Quase 80% das empresas de MS não conseguem acessar crédito na Covid-19

Pesquisa aponta que apenas 20,5% dos microempreendedores ou empresários conseguiram recursos desde início da pandemia

Crédito não é acessado pela maioria dos empresários do Estado (Arquivo) Crédito não é acessado pela maioria dos empresários do Estado (Arquivo)

O agravamento da crise provocada pelo novo coronavírus tem levado um número maior de donos de pequenas empresas a buscar empréstimo para manter o negócio. Mas qual a chance de sucesso em conseguir este tão necessitado dinheirinho? Estudo  mostra que 79,5%% dos empreendedores que buscaram grana em Mato Grosso do Sul, desde o começo da pandemia, tiveram o empréstimo negado ou ainda têm seus pedidos em análise. Desde o início das medidas de isolamento no Brasil, apenas 20,5% daqueles empresários sul-mato-grossenses que solicitaram crédito tiveram sucesso.

A pesquisa do Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) foi realizada entre 30 de abril e 5 de maio, ouviu 154 microempreendedores individuais (MEI) e donos de micro e pequenas empresas de todo o Estado. O levantamento confirma uma tendência já identificada em outras pesquisas, de que os donos de pequenos negócios têm – historicamente – uma cultura de evitar a busca de empréstimo. Mesmo com a queda acentuada no faturamento, 64,8% não buscaram crédito desde o começo da crise. Dos que buscaram, 85,9% o fizeram em instituições bancárias. Já entre os que procuraram em fontes alternativas, parentes e amigos (64,6%) são a fonte de empréstimos mais citada, seguidos de cartão de crédito (335) e limite do cheque por 17,7%.

A mania de pegar dinheiro mesmo da família Sebrae, Carlos Melles, esse comportamento pode ter diversas razões, entre elas: as elevadas taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras, o excesso de burocracia ou a falta de garantias por parte das pequenas empresas. “Por essa razão, o Sebrae está trabalhando para ampliar o volume de instituições parceiras para a operação do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe). Já contamos com 12 organizações, entre bancos públicos e privados, cooperativas de crédito e agências de fomento. Queremos estender esse apoio a um número maior de empresários”, comenta o presidente do Sebrae Carlos Melles

Demissões - A pesquisa revelou que as medidas de isolamento recomendadas pelas autoridades de saúde atingiram a quase totalidade dos pequenos negócios. Com isso 2,2% interromperam a operação do negócio no Estado, pois dependem do funcionamento presencial. Outros 46% mantêm funcionamento com auxílio de ferramentas digitais e 14,6% mantêm funcionamento, apesar de não contar com estrutura de tecnologia digital.

Com relação ao faturamento do negócio, a maioria dos donos de pequenas empresas (87,6%) em MS apontou uma queda na receita mensal. 6,4% não perceberam alteração de faturamento, apenas 2,2% conseguiram registrar aumento de receita no período e 3,7% não quiseram responder. Na média, o faturamento dos pequenos negócios foi 63% menor do que no período pré-crise. Apesar de preocupante, esse resultado é melhor do que o identificado nas duas pesquisas anteriores.

Para tentar superar esse momento, as empresas estão lançando mão de diferentes recursos. Para 36% delas, a alternativa foi passar a realizar vendas online, com o uso das redes sociais.

No Estado, quanto à gestão dos recursos humanos das empresas, 16.1% dos entrevistados revelaram que tiveram de demitir funcionários nos últimos 30 dias, em razão da crise. 26,5% das empresas com empregados suspenderam o contrato de funcionários; outros 20,4% deram férias coletivas; 14,8% reduziram a jornada de trabalho com redução de salários; e 3,1% reduziram salários com complemento do seguro-desemprego; alternativa permitida pela MP 936.

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