No último domigo, ex-internos e professores do Internato Miguel Couto relembraram os velhos tempos
O encontro entre professores, ex-internos e familiares foi marcado de emoção para aqueles que tiveram suas histórias entrelaçadas pelo Internato Miguel Couto. No último domingo (09), eles se reuniram para recordar lembranças de outras décadas e matar a saudade.
Durante dez anos, Carmen Tamatello, de 76 anos, foi professora dos meninos que hoje são homens formados. Só de lembrar da tarde de domingo, ela fica emocionada. “Foi super emocionante, foi uma maravilha ver aquelas crianças que a gente educou há muitos anos. Todos tem sua família, profissão, estão levando a vida. Conheci netinho de ex-aluno, foi uma coisa que não dá para definir”, diz.
Entre 1981 a 1991, ela educou as crianças do primeiro, segundo e terceiro ano. Entre as histórias que construiu no lugar, ela conta algumas das que recordou com os ex-internos. “Teve um ano que preparei as crianças para a primeira eucaristia na capela Santa Teresinha. São muitas lembranças e no domingo recordei várias. Essa da catequese foi maravilhosa, cerimônia singela, mas muito significativa”, frisa.
Esse período, segundo Carmen, é algo inesquecível. “Marcou muito a minha vida, é uma experiência que graças a Deus tive. Eu também tive a oportunidade de conviver com ela (Olívia), uma pessoa maravilhosa, poucas pessoas no mundo são iguais a ela. Os meninos do internato eram a vida dela. Ela se realizava no meio deles”, conta.
Olívia Enciso fundou o internato ao lado de Newton Enciso de Freitas em 1940. A instituição surgiu com o intuito de atender meninos que, na maioria, vinham de famílias em condição de vulnerabilidade social. De 1940 até meados de 2003, o internato atendeu mais de 10 mil menores.
Um deles foi Valder Santana, de 45 anos, que chegou ao internato com 15 anos. Além dele, outro irmão residiu e estudou na instituição a partir de 1990. Apesar de na época ter ficado longe dos pais, o professor comenta que guarda boas lembranças do internato e dos colegas com quem dividia coisas em comum.
“Lembranças boas são inúmeras. Nós podíamos confraternizar, dividir os mesmos espaços e dar risadas para aliviar o sofrimento. A experiência de você poder conviver com pessoas que você nunca tinha visto na vida e que tinham os mesmos sonhos e metas que se cruzaram”, fala.
O professor mantém contato com antigos colegas e conta que teve a oportunidade de reencontrar aqueles com quem não conversava há bastante tempo. “Foi legal rever os amigos, porque já se passaram mais de 30 anos. A maioria se formou pais, cidadãos e profissionais. Eu tinha contato com alguns, mas a maioria que não tinha e reencontrei no domingo. Foi gratificante reencontrar”, afirma.
O fotógrafo Luciano Siqueira, de 46 anos, passou a infância no internato onde a mãe Maria Aparecida Siqueira trabalhava como cozinheira. Ele explica que nos últimos anos tem buscado contatar os antigos colegas. “A gente foi encontrando nas ruas alguns ex-alunos e montando o grupo de WhatsApp. Hoje, temos no nosso grupo 42 participantes e estamos aos poucos conseguindo fazer esse encontro”, fala.
Da infância a adolescência, Luciano comenta que as brincadeiras marcaram a passagem pelo internato. “Era muito bom, divertido, a gente brincava e jogava bola todo dia. Nós brincávamos no córrego, os pés de mangas foram preservados, nós chupamos muita manga. Ali era muito grande, a gente brincava muito. São várias lembranças boas”, ressalta.
A expectativa é que em breve aconteça mais um encontro para que possam participar os ex-internos que não foram localizados ainda e os que não conseguiram comparecer no último domingo.
O internato Miguel Couto reduziu algumas das atividades, porém segue atendendo crianças. Hoje quem dá continuidade ao trabalho de Newton e Olívia, é o diretor Eduardo Fontoura de Freitas.
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