O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (Crup) divulgou nota lamentando a decisão do governo brasileiro de suspender a concessão de bolsas de estudos para alunos de graduação do Programa Ciência sem Fronteiras (CsF) em instituições do país.
O Crup equivale no Brasil à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
Segundo a nota divulgada na terça-feira (21), a decisão “será corrigida a curto prazo” e as universidades lusitanas “permanecerão abertas a esses estudantes [brasileiros], continuando a acolhê-los com amizade”.
A decisão de não enviar novos alunos para Portugal e remanejar os estudantes selecionados nos editais de 2013 foi tomada em março.
O objetivo é “estimular os jovens a falar mais uma língua, a conhecer e ter competência específica em outras culturas”, informou o ministro da Educação Aloizio Mercadante, quando se reuniu naquele mês em Lisboa com o ministro da Educação e Ciência de Portugal, Nuno Crato.
De acordo com a nota dos reitores lusitanos, os estudantes brasileiros de fato não vão para Portugal “para aprender a língua portuguesa, mas sim para frequentar e se graduar em instituições universitárias do Espaço Europeu de Ensino Superior, que aliam à sua grande qualidade um acolhimento só possível por uma cultura e história partilhadas”.
Por causa do grande fluxo de estudantes e professores estrangeiros em Portugal, são comuns nas universidades do país aulas em línguas estrangeiras. Existem, há mais de uma década, cursos totalmente ministrados.
O reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, disse que em Portugal, assim como no Brasil, “a língua franca da ciência e da tecnologia é o inglês” e mesmo os estudantes de graduação devem “dominar” o idioma por causa da bibliografia.
Ele lembra que entre os pesquisadores do doutorado é comum o uso de inglês na produção de artigos científicos, na defesa de tese (com participação de examinadores estrangeiros) e nos projetos de pesquisa feitos em cooperação internacional.
A Universidade de Coimbra é a instituição com maior número de brasileiros em Portugal.
O reitor da universidade disse à Agência Brasil que a decisão do governo brasileiro “foi recebida com alguma tristeza” e com “surpresa”.
Ele salientou que, para acolher estudantes brasileiros, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras agilizou os procedimentos de visto.
A suspensão do programa para Portugal repercutiu fora do país e do Brasil. O secretário executivo da Comissão Econômica para África, Carlos Lopes, disse em uma conferência na sede da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa, na semana passada, que o objetivo de forçar a aprendizagem de outra língua era “é louvável, mas não pode ser radicalizado”.
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