ECONOMIA

Revisão indica queda de R$ 655 milhões no PIB de Dourados na pandemia

Em 2019 a soma das riquezas geradas no município alcançou R$ 10,08 bilhões - Crédito: Hedio Fazan/Dourados News Em 2019 a soma das riquezas geradas no município alcançou R$ 10,08 bilhões - Crédito: Hedio Fazan/Dourados News

Estimativa revisada dos efeitos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) na economia brasileira indica que o PIB (Produto Interno Bruto) de Dourados pode sofrer uma queda de R$ 655,2 milhões neste ano. Essa projeção leva em conta que em 2019 a soma das riquezas geradas no município alcançou R$ 10,08 bilhões.

Os dados foram fornecidos ao Dourados News pelo economista Enrique Duarte Romero, doutor em História Econômica pela USP (Universidade de São Paulo) e professor na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).

Coordenador das pesquisas mensais sobre o preço da cesta básica na cidade elaboradas por acadêmicos do curso de Ciências Econômicas da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Economia, desde 2014 ele lidera a elaboração dos perfis socioeconômicos do município, cuja mais recente edição publicada pela prefeitura é de 2018.

No entanto, com os dados que levantou em 2019, Romero detalhou que dos mais de R$ 10 bilhões de PIB que Dourados teve no ano passado, R$ 515 milhões foram da atividade agrícola, R$ 1,256 bilhão da industrial e R$ 7,250 bilhões do setor de serviços.

“Tem que levar em conta que serviços inclui gastos em educação e saúde, por isso é muito preponderante. Agricultura me assustou muito porque diante de R$ 10 bilhões de PIB ter um PIB agrícola tão pequeno, mas só leva em conta a produção no campo. O que acontece quando sai da lavoura, já não é mais agrícola, ou é serviço ou é indústria, porque o transporte é serviço, se vai esmagar já é indústria”, explicou em entrevista concedida no dia 1º de abril.

Nesta segunda-feira (8), ao divulgar a pesquisa de preços da cesta básica em Dourados, Romero citou nova estimativa do governo, revista na última semana de maio, que projeta queda de 6,5% nas riquezas devido à pandemia, para estimar a perda de R$ 655,2 milhões na economia local.

“O que nos preocupa muito são os efeitos econômicos como o aumento do desemprego e fechamento das pequenas e médias empresas. No país, essas empresas são as que mais empregam. Existe uma demanda de crédito que o governo demorou muito para sua liberação. Esta modalidade de empréstimo é vantajosa tanto na taxa de juros e até prazo de carência. O objetivo principal é o pagamento da folha salarial num momento em que não existe produção e as vendas estão no seu nível mínimo”, ponderou no levantamento.

No entanto, Romero diz ter gerado otimismo o fato de que no primeiro trimestre, quando saiu o resultado do PIB, o setor do agronegócio, em que Dourados se destaca, “foi o único que apresentou crescimento enquanto os outros setores fecharam com queda”.

Mesmo assim, o economista alerta que “neste segundo trimestre, com a pandemia afetando plenamente a economia a expectativa é de queda muito forte em todos os setores econômicos, não só em Dourados, mas em todo o país”.

“Outro fato preocupante em Dourados, é a nossa situação na pandemia, somos o epicentro do Estado enquanto a número de pessoas infetadas pelo COVID-19. Por isso, a retomada da atividade econômica deverá ser realizada com um planejamento bem elaborado. As sociedades que levaram adiante o controle do fluxo de pessoas ou controlaram a disseminação da doença ou diminuíram o número de afetados pelo vírus”, finalizou.

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