A rua que mora em mim tem alma é feita de som e trabalho espasmo e suor! Contudo também é feita de laço e de nó de sonho lunares, de olhos espichados adiando o sono para contemplar a vida. Quando eu era criança uma de minhas canções preferidas dizia: “Se essa rua se essa rua fosse minha eu mandava eu mandava ladrilhar com pedrinhas com pedrinha de brilhantes... Para o meu amor passar”.
Hoje peço licença aos leitores para em outras palavras traduzir para meus senti-vocábulos o deslumbrante livro “A alma encantadora das ruas” do autor João do Rio. A rua nasce das diferenças de seus contornos presenciamos prédios, casa, muros que esquartejam, segregam as almas.
Coordenadas em meu coração vagabundo e transeunte encontro ressonâncias nas ruas há suor humano na argamassa dos seus calçamentos. É palco de todas as misérias e alegrias. Testemunha de cada casa que se ergue e de cada casa se vai, por isso para mim cada rua é um ser vivo... Em eterna construção.
Certificado carimbado e autenticado do tempo são as ruas de minha cidade natal, a rua da minha casa, da minha escola, da praça onde assistia meu irmão soltando pipa ou papagaios como alguns assim chamam...
Ah! Minha Avenida Marcelino Pires impossível passar por você sem lembrar que a velhice começa a chegar, então como toda rua encantada tem um bosque, e todo bosque tem esconderijos secretos que se chama solidão, felizmente dentro dele moram anjos que roubam corações.
O bacana é a via de mão dupla do bosque solidão, se eu roubei seu coração tu roubaste o meu também. Assim são as coisas somos olhamos por aquilo que olhamos, somos ofendidos por aquilo que ofendemos, somo feridos quando ferimos.
As ruas são prolongamentos de nossas artérias, recordações e começos e recomeços, algumas são sinistras, estranhas ou conhecidas e amadas. Porém são vivas e pulsam gritando nossa atenção.
A pergunta que fere que não deve e nem pode calar é: - Se todos nós amamos e construímos as ruas e delas tanto necessitamos como então podemos despreza-las? Como jogar lixos e tantos outros objetos em seus cantinhos? Como macular o que nos representa e representados somos? Por que transferir responsabilidades somente a governantes, setores etc.
Quando vamos admitir que não moramos na rua, A RUA é que mora em nós?
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