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Se de repente você perdesse o celular e alguém tivesse acesso às suas conversas e compartilhamentos no WhatsApp, você estaria muito comprometido? Por aí, há quem prefira a morte a ter de suportar uma possível tragédia como essa. “Vishe! Eu iria para o deserto do Saara, trocava de nome e até de cara, porque estaria ferrada”, responde, de imediato, uma jovem de 18 anos que, claro, não será identificada.
Os conteúdos que ela envia e recebe no aplicativo, caso vazassem, deixariam muita gente decepcionada, inclusive a família. Não haveria outra saída, a não ser fugir para o norte da África, brincou. “Seria muito taxada porque as mensagens, ou assuntos, não são coisas santas”, conta a jovem, que é evangélica.
“Sempre fui super brincalhona e liberal com meus amigos – meninos – para falar de tudo. Então, tem muitas besteiras, das pequenas às grandes. Coisas da madruga. Adolescentes à flor da pele...”, revelou.
Se ela fala, a outra, de 22 anos, faz. Às vezes registra. A hipótese de perder o celular seria, então, uma verdadeira catastrofe. “Minha mãe me mata”, respondeu. Será mesmo? “Ela nem imagina essas coisas, principalmente eu beijando meninas”, disparou, sem qualquer problema em revelar, no anonimato, lógico, a própria orientação sexual.
O “essas coisas” que ela se refere é a “coleção” de fotos de pênis guardada no celular. A segurança, para ela, é a senha do aparelho, mas, dias desses, ocorreu um deslize. “Estava mostrando uma foto para minha amiga e, quando fui passar para outra, era de um cara pelado. Ri e fingi que nada tinha acontecido”, relembrou. Ela recebe. Um rapaz de 20, que também pediu para ter a identidade preservada, manda. E quem vê é a namorada.
Mesmo assim, ele toma alguns cuidados. No Whatsapp, apesar do destinatário “padrão” ser a amada, o jovem conta que só envia o “membro”. A postura é estratégica. “Nunca se deve mostrar o rosto nesse tipo de foto. É uma regra”, ensina. A namorada, pelo visto, é mais prudente. Não costuma mandar registros da "amiga”. “Ela é tímida”, justificou.
Safadeza, dizem por aí, é bom, mas é preciso ficar atento. Sempre. Na era dos smartphones e dos “aplicativos engraçadinhos” é fácil ver casos de pessoas que foram expostas. Para o rapaz "do membro", depois das confissões, é hora de argumentar. “Temos medo, por isso, evitamos. Nunca se sabe. O próximo a ter a intimidade revelada pode ser eu”, disse. Quem quiser, acredite.
Por aí, difícil é encontrar alguém que assuma sacanagens assim e aceite mostrar o rosto. A maioria vira santo ou pega leve nas revelações. Modelo, Karinah Lek, de 21 anos, não tem problemas com isso. A jovem acha que, se perdesse o celular hoje, estaria, sim, comprometida por conta das “fofoquinhas não tão simples”. “Mas nada que seja crime”, esclarece.
Os alvos, contou, são as colegas. “No camarim todo mundo é amiga. Sai para fora é outra história. No WhatsApp que é verdadeiro”, disse. Estudante, Miquethlin Mota, 15 anos, conta, sem problemas, que fala mal das inimigas e quase sempre recebe fotos de gente pelada.
Mas, para a jovem, o maior problema, que a comprometeria, está nas conversas com os paqueras. “Minha irmã tem muito ciúme”. Kety Mota, de 21 anos, a irmã em questão, confirma a perseguição, mas justifica-se: “Ela esconde muito”.
Na contramão da maioria, tem quem não se importa com a exposição e faz da vida um livro aberto, como foi o caso de Dulce Paina, a jovem de Campo Grande que perdeu o celular, com fotos picantes, na balada. Como não havia mais nada o que fazer, ela resolveu lucrar com o trabalho de garota de programa. Os curiosos, instigados pelo “bafafá”, saíram por aí reproduzindo o que vazou. Para ela, rendeu grana.
Fica a dica - No WhatsApp, os arquivos recebidos pelo aplicativo são armazenados automaticamente no aparelho que, dependendo da quantidade de contatos e grupos que o usuário participa, fica abarrotado de registros. No meio deles pode ter, por exemplo, um flagra comprometedor, bombástico. Por isso, todo cuidado é pouco.
A maioria bloqueia o celular com senha, mas o recurso não é assim tão seguro. Basta fazer uma busca rápida na internet para descobrir, por algum tutorial, alguma forma de destravar o aparelho. Os fissurados por tecnologia vivem experimentando e, na maioria das vezes, acabam conseguindo a façanha. Não dá para confiar.
Mas há alternativas. Para quem gosta de fazer a “linha santinho” é dica é camuflar as fotos e vídeos. Já existem aplicativos para isso.
Um deles é o “KyCalc”, disponível para iPhone e iPad, na Apple Store. A interface é de uma calculadora normal, mas o app é, na verdade, um armazenador de arquivos.
Você cria uma senha e esconde o que quer. Depois, para ver, é só abrir a calculadora e digitar o segredo seguido do símbolo de igual. Pronto. O acesso à pasta restrita fica liberado.
É o artifício perfeito para quem vive cercado de bisbilhoteiros abusados. Se alguém pegar seu celular e entrar na pasta de fotos, não vai encontrar nada, a não ser que o acesso esteja liberado.
Àqueles que gostam de se molhar, mas tem medo da chuva, vale experimentar o “Snapchat”, o aplicativo que “destrói” mensagens. O usuário tira uma foto ou faz um vídeo, adiciona uma legenda e envia o registro para um ou vários amigos. Até aí, nada demais.
A novidade está no tempo em quem o material fica disponível no programa. Às vezes é 3, 4, 5 ou 10 segundos, por exemplo. Quem define isso é quem usa. Ótimo para quem gosta de “avançar o sinal” e morre de medo dos registros permanentes. Mas nem tudo é perfeito. É possível printar a tela.
É por descuido que, geralmente, alguns têm a vida escancarada por uma foto, vídeo ou uma mensagem comprometedora. O escândalo, muitas vezes, acontece do dia para noite e aí, para consertar, é tarde demais. Ninguém, presume-se, quer ser vítima de uma violência gratuita, então, é bom tomar cuidado.
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