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Sucuri que aparece 'dando o bote' é uma das maiores serpentes do mundo

Foto: Eduardo Jacintho Foto: Eduardo Jacintho

Mato Grosso do Sul é um destino turístico muito procurado para a apreciação da vida selvagem, pois os animais vivem livremente e isso impressiona os visitantes. Mas os sul-mato-grossenses também vivem experiências de surpresa, mesmo estando acostumados com essa integração com a natureza.

Essa semana o vídeo de uma sucuri “dando o bote” numa camionete, que trafegava na estrada de uma fazenda na região de Campo Grande, causou espanto e teve grande repercussão na internet em várias partes do país e do mundo. Uma família de pecuaristas registrou o exato momento da reação da sucuri, com mais de cinco metros de comprimento, e muitas pessoas se impressionaram com a situação. 

Segundo Henrique Naufal, idealizador do Projeto Jiboia, atrativo turístico de educação ambiental em Bonito (MS), a serpente (sucuri) não é um animal perigoso se não for provocado. “A ação dela foi exclusivamente de defesa contra a própria camionete, que passou muito próxima de onde ela estava. A ideia de que a sucuri é um animal agressivo é decorrente da bagagem cultural errada sobre elas e isso mexe com o imaginário popular, aumentando ainda mais a imagem negativa desse animal tão imponente e importante para o equilíbrio do ecossistema”, enfatiza. 

Para o pecuarista Eduardo Jacintho, foi uma surpresa a reação do animal. “Já a vimos na fazenda umas três vezes, mas foi a primeira vez que a vi fora da água. Ela amedronta pelo tamanho, mas eu não sabia que ela pode ter avançado na camionete porque estava assustada”, comenta.

Ainda segundo Naufal, “os comentários de espanto dos integrantes do veículo na hora em que passam pela serpente são totalmente normais, pois são pessoas leigas no assunto. Mas, mesmo assim, eles desviaram e deixaram o exemplar em paz, livre para seguir sua vida e é isso mesmo que deve ser feito”, explica Naufal, que trabalha com educação ambiental sobre serpentes desde 2004 e cuida esses animais há 37 anos.

Doutora em Ecologia pela USP e especialista em serpentes, Juliana de Souza Terra comemora a atitude da família em ter deixado o animal seguir livremente após o encontro. “A grande maioria dos animais encontrados nas estradas acabam sendo mortos. Isso nos alerta para a necessidade de educação ambiental e bons exemplos para protegermos cada vez mais a nossa fauna”.

A especialista relata que não existe casos de Sucuri que tenha se alimentado de seres humanos. Porém, se o ambiente já não tiver condições de oferecer alimento, pode haver ataque com finalidade alimentar. “Mas isso não é comum, já que elas não enxergam os seres humanos como uma presa, mas sim como uma ameaça. Podemos ficar tranquilos,  pois não fazemos parte do cardápio delas”, diverte-se.

De acordo com Juliana, a espécie encontrada na fazenda é uma Sucuri-verde (Eunectes murinus) fêmea, uma das maiores espécies de serpentes existentes, só perde em tamanho para uma espécie de Piton. Ela vive em quase toda a América do Sul e são geralmente associadas a ambientes aquáticos, porém podem explorar ambientes terrestres em determinadas ocasiões. 

Vida selvagem

Mato Grosso do Sul é um dos estados brasileiros com maior riqueza e abundância de fauna distribuída em seus principais biomas: Cerrado e Pantanal. Em todas as regiões é muito comum encontrar animais vivendo em seu ambiente natural, o que atrai turistas do mundo todo que vêm em busca da exuberância da vida selvagem. 

Dados do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul – Imasul (Cartilha “Conservar”, de 2016), informam que só o Pantanal abriga, no mínimo, 177 espécies de répteis, 264 de peixes, 652 de aves, 102 de mamíferos e 40 de anfíbios.

 

 

 

 

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