Para o deputado estadual, Marçal Filho (PSDB), Dourados precisa de uma administração pública que atue em consonância com a capacidade econômica do município.
Completando quase um ano de atuação na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), Marçal conversou com o Dourados News sobre assuntos diversos, como a crise política e econômica que atravessa Dourados, bem como sobre o aniversário da cidade e as disputas eleitoras agendadas para outubro do próximo ano.
Sobre o assunto que deve tomar conta das discussões políticas nos próximos meses, o deputado estadual Marçal Filho diz não concordar com declarações do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) sobre a possibilidade de candidatura única para a disputa pela prefeitura de Dourados.
“Acho importante que tenham várias opções de candidaturas para os eleitores ficarem à vontade para escolher os nomes”, comentou Marçal ressaltando que, independentemente de sair ou não candidato para disputar a prefeitura de Dourados em 2020, é de sua preferência que “vários candidatos” se posicionem no debate público.
Confira a entrevista na íntegra:
Dourados News: Faça um balanço desse primeiro ano na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
Marçal Filho: Avalio como muito positivo este ano. Usei bastante dos instrumentos que usava quando era deputado federal que são as frentes parlamentares, até então pouco utilizadas na Assembleia. Principalmente para executar projetos em defesa da mulher, para combater este tipo de violência que é muito alta em Mato Grosso do Sul.
Fizemos várias audiências públicas, projetos que, inclusive, alguns já estão em vigor.
Solicitei durante o ano ao Governo do Estado, por exemplo, que disponibilizasse psicólogos e assistentes sociais em escolas públicas. Recentemente o congresso nacional aprovou um projeto - que a presidência vetou e o congresso derrubou o veto – também solicitando assistentes sociais em escolas. Então acredito que eu estava no caminho certo quando apresentei esse projeto em nível estadual.
D.N.: Como enxerga o município atualmente, prestes a completar 84 anos? Pela sua visão política, o que falta realmente para que Dourados deslanche e se torne esse grande polo regional?
M.F.: Eu vejo que Dourados possui um potencial muito grande. A região da grande Dourados é a mais forte em Mato Grosso do Sul pois está concentrada aqui a atividade do agronegócio.
Se você verificar, por exemplo, os empreendimentos imobiliários na cidade de Dourados isso mostra que o município tem um mercado muito forte. Dourados cresce sozinha, cresce por “osmose”.
Se nos conseguíssemos fazer com que a gestão pública fosse eficiente e tivesse sintonia com os empreendedores. Por isso que eu defendo a parceria entre os setores público e privado, porque nós estamos em época, no Brasil, de pagar as contas que foram feitas no passado. [...] Então se você comparar a iniciativa privada como Dourados cresce e a forma que Dourados não cresce na gestão pública você vai ver que há uma dissonância. Tem que aprender com a iniciativa privada e fazer parcerias, trazer essas pessoas para dentro da administração pública.
Me impressiona a ineficiência da gestão pública que muitas vezes não consegue nem fazer o arroz com feijão.
D.N.: Muito se cobra em relação a pouca ou nenhuma representatividade política douradense atualmente na bancada federal, porém, na Alems o caminho parece ser diferente, como o senhor enxerga isso?
M. F.: Acredito que tem sido positivo para a cidade. Meu mandato está muito direcionado a Dourados pois, embora eu seja um deputado de MS, tive quase que a totalidade da minha votação aqui e em toda esta região que depende de Dourados. Quando eu vou ao governador pedir eu peço por Dourados e por esses municípios satélites. Quando a gente chega para pedir os recursos para o Governo do Estado, pedimos dez coisas e o governador te dá uma. Quando você tem um direcionamento como eu tenho em Dourados e para região, você tem mais chance de conseguir.
D.N.: Há na Assembleia alguma ‘disputa interna’ entre os deputados de Dourados? Afinal, dos cinco, pelo menos três são apontados como pré-candidato nas eleições do ano que vem.
M.F.: De minha parte eu não tenho disputa nenhuma para fazer. Quando se fala em Dourados, eu me uno a qualquer demanda e qualquer bandeira que defenda nossa cidade independente de posições políticas partidárias distintas.
D.N.: Por falar em eleição, você entra na disputa pela prefeitura de Dourados?
M.F.: Não estou na briga pela prefeitura. Não sou pré-candiato. Pois não gosto dessa história de “pré”. Ou eu sou candidato ou eu não sou candidato. Eu não estou dizendo que não serei candidato. Eu estou dizendo que não estou, nesse momento, pensando nisso. Estou focado no meu trabalho como deputado estadual. [...] Então eu não estou brigando pela prefeitura. No ano que vêm, quando chegar o período para se decidir isso, aí é que eu vou resolver se serei candidato ou não. E resolver significa ouvir o público. O cara tem que ser candidato da população. Não pode ser candidato de ‘si próprio’. Nunca falei, nem para o partido nem para a imprensa, que sou pré-candidato. Eu decidirei isso no ano que vem. [...] Eu acho que tudo tem seu tempo. Há o tempo de plantar e o tempo de colher. Eu ainda estou no tempo de plantar.
D.N.: Recentemente o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) falou em um grande alinhamento político para que Dourados retome o crescimento e supere as dificuldades, dando a entender a necessidade de um grande ‘chapão’ nas eleições do ano que vem. Acredita que essa seja mesmo a melhor solução?
M.F.: Esta é uma posição do governador e eu tenho que respeitar. É uma opinião dele. O Reinaldo acha que isso seria o ideal. Eu já penso diferente. Penso que tem que ter disputa, acho que temos que oferecer opções aos eleitores. Eu prefiro tenha vários candidatos, independente se eu vou ser candidato ou não, importante que tenham várias opções. Eu como eleitor também prefiro desta forma.
D.N.: Na sua opinião, o que Dourados precisa para sair dessa crise?
M.F.: Eu vejo que Dourados passa sim por uma crise política muito séria, tanto na Câmara quanto na prefeitura. As notícias não são boas. A repercussão não é positiva. Isso não é nada bom pois quando fala em Câmara de vereadores, ou de prefeitura estão falando de Dourados, então eu não me sinto bem em ver essas notícias. Isso está acontecendo e é lamentável que esteja ocorrendo. Em relação a administração tem que pensar grande. Dourados merece uma administração à sua altura. Não merece ficar só no arroz com feijão tentando mal e porcamente pagar a folha. Mal e porcamente tapar buracos. Nós temos que pensar em um projeto maior que coloque Dourados em patamar que merece como segunda cidade do Estado. Há uma dissonância em relação a administração pública com a cidade, com a administração privada.
D.N.: Voltando um pouco no tempo, você passou dois anos no legislativo douradense e presenciou escândalos que não eram vistos há tempos. Hoje, um pouco mais afastado do dia a dia da Câmara, como vê os trabalhos no local?
M.F.: Com relação a Câmara e a prefeitura, eu não sei como está sendo a relação, se está havendo um a sintonia entre esses poderes. O que está sendo feito para melhorar esta situação. Eu tive uma atuação na Câmara de vereadores de Dourados por dois anos de oposição a prefeita no sentido político, mas nunca de oposição a Dourados. Sempre tive uma posição muito crítica, pois não concordava nem concordo com o jeito da gestão, mas nunca fiz uma oposição para prejudicar a administração. Não é necessário que a câmara seja subserviente da prefeitura. Mas tem que trabalhar em harmonia buscando um objetivo comum, que é a cidade.
D.N.: Deixe uma mensagem à população de Dourados às vésperas do aniversário de 84 anos da cidade.
M. F.: Parabéns a você que é douradense, como eu, nascido aqui. E também para você que adotou Dourados como sendo a sua cidade, que criou seus filhos neste lugar e que ama essa terra. Você merece realmente os aplausos. Você que contribui para o desenvolvimento de Dourados. Uma cidade muito forte, pujante que cresce muito graças a essa população.
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