O tiro fatal para o ex-vereador de Anastácio, Wander Alves Meleiro, o Dinho Vital, de 40 anos, não o atingiu exatamente pelas costas, como foi interpretado em laudo do exame necroscópico anexado a investigação logo após a morte, no dia 8 de maio. Perícia completar, feita a pedido do MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), informou que as entradas dos projéteis disparados contra a vítima foram pela lateral e frente do corpo.
A reportagem apurou que o perito médico legista, Ivan de Oliveira Chaves, o mesmo que elaborou o primeiro laudo, é quem assina o novo documento. Ele descreve que um dos tiros atingiu Dinho Vital “na região posterolateral direita (de trás para frente, parcialmente lateralizado), transfixando o tórax da direita para a esquerda e saindo pela região anterolateral esquerda”.
Este foi o projétil responsável pela morte do ex-vereador, também descreve o médico, já que perfurou órgãos vitais, como pulmão e coração, provocando “choque hipovolêmico hemorrágico”.
O outro disparo entrou pela região anterolateral esquerda (de frente para traz, parcialmente lateralizado), transfixando a região abdominal (da esquerda para a direita) e saindo em região anteromedial”.
O médico explica que não pode determinar o trajeto dos disparos, já que este é trabalho para um perito criminal, mas constatou que não houve tiro à queima roupa. “Disparos ocorreram a uma distância igual ou maior que 80 cm entre a arma e o corpo da vítima”.
Testemunha - Outra informação importante adicionada ao inquérito foi o depoimento de uma testemunha, um ciclista que passava pela BR-262, próximo ao local onde Dinho Vital foi abordado por policiais militares à paisana.
Conforme a apuração do site Campo Grande News, este homem procurou a Corregedoria da Polícia Militar para contar o que viu e ouviu. Relatou que havia parado na rodovia para consertar a corrente da bicicleta quando escutou gritos: “Polícia, abaixa a arma! Larga a arma! Aqui é a polícia!”. Logo em seguida, ouviu tiros e olhou, observando que homem cambaleando e apertando o abdômen. Acrescentou que não foram mais feitos disparos neste momento.
O ciclista narrou ainda que tudo aconteceu em frente a um veículo preto parado às margens da rodovia – Fiat Toro de Dinho – e um carro branco que estava logo atrás.
A presença da testemunha no local e horário dos fatos foi confirmada por vídeo de câmera de segurança do posto de gasolina que pertence a Cynthia Figueiredo, mulher do ex-prefeito de Anastácio, Douglas Figueiredo (PSDB). Veja:
O político é investigado por envolvimento na morte do ex-vereador e foi preso pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) no dia 17 de maio por posse ilegal de arma. Os dois policiais militares que abordaram Dinho na rodovia também acabaram em presídio.
Valdeci Alexandre da Silva Ricardo, 41, e Bruno César Malheiros dos Santos, 33, se entregaram depois de serem comunicados das ordens de prisão temporária (30 dias). Douglas foi libertado após pagar fiança e os PMs ainda estão presos.
A morte - Dinho foi morto na BR-262, no fim da tarde de uma quarta-feira, logo após brigar com Douglas Figueiredo durante festa de comemoração do aniversário de 59 anos de Anastácio, em uma chácara próxima à rodovia.
Segundo relataram testemunhas, o ex-vereador, aparentemente alcoolizado, discutiu com o ex-prefeito na festa. A briga começou depois que o atual prefeito, Nildo Alves (PSDB), anunciou que lançaria o tucano pré-candidato pelo partido, e foi separada por outros frequentadores.
O ex-vereador foi retirado do local, mas voltou armado e fez ameaças. Foi quando os policiais decidiram abordá-lo.
Testemunhas afirmam que os dois trabalham como seguranças de Douglas, mas ambos negam e alegam que estavam na festa por motivos diferentes. Valdeci explicou que foi convidado por amigo e Bruno afirmou em depoimento que estava de folga e fez parte da produção da banda contratada para animar a comemoração. O ex-prefeito também nega qualquer participação no crime.
Conforme os depoimentos de Valdeci e Bruno, Dinho Vital reagiu à abordagem e por isso, eles atiraram.
O advogado dos policiais, Lucas Arguelho Rocha, preferiu não comentar as novidades da investigação. "A defesa aguarda o desfecho das investigações, e não tem nada a declarar porque os autos tramitam em segredo de Justiça", informou.
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