PANDEMIA

Total de mortos pela Covid no Estado já equivale ao 'sumiço' de municípios inteiros

Um dos cemitérios públicos de Dourados, cidade onde a Covid já matou 335 pessoas - Crédito: Hedio Fazan/Arquivo/Dourados News Um dos cemitérios públicos de Dourados, cidade onde a Covid já matou 335 pessoas - Crédito: Hedio Fazan/Arquivo/Dourados News

Os primeiros casos de coronavírus em Mato Grosso do Sul foram confirmados oficialmente em 14 de março do ano passado. Segundo a SES/MS (Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso do Sul), os registros foram de uma mulher de 23 anos contaminada após contato com um caso positivo no Rio de Janeiro e de um homem de 31 anos que teve contato com um caso positivo em São Paulo.

A primeira morte causada pela doença aconteceu 17 dias depois, no dia 31 de março, quando uma mulher de 64 anos, residente do município de Batayporã e que estava internada em um hospital particular em Dourados, morreu. De lá para cá já são 221.725 casos confirmados e 4.513 mortes no total, conforme dados da SES registrados até ontem (5).

No Estado, somente em relação ao número de óbitos, o senso de proporção já seria como se a Covid-19 tivesse aniquilado totalmente a população inteira de dois municípios: Taquarussu e Jateí. Conforme dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a cidade de Taquarussu tem 3.518 habitantes e Jateí tem total de 4.011 moradores.

Em Dourados, maior cidade do interior do Estado, são 24.693 casos confirmados desde o começo da pandemia e 335 mortes, segundo os dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde até esta segunda-feira (5).

O número de vítimas fatais em pouco mais de um ano equivale, para se ter uma ideia, a quase cinco quedas da aeronave que mais opera no Aeroporto Municipal Francisco de Matos Pereira. O exemplar ATR 72 tem capacidade para 70 passageiros por voo. 

“HÁ UM APAGÃO CEREBRAL DE PARTE SIGNIFICATIVA DA POPULAÇÃO”, avalia secretário estadual de saúde

Com o passar do tempo e mais de um ano após o começo da pandemia, muitas pessoas já perderam a dimensão da crise sanitária, mesmo em meio a uma segunda onda mais violenta e com a circulação de variantes que preocupam as autoridades de saúde do Estado. 

Alguns tentam minimizar a gravidade do coronavírus citando outros tipos de SRAGs (Síndromes Respiratórias Agudas Graves), como a H1N1. No entanto, a critério de comparação, no período dos últimos 11 anos (de 2009 a 2020), conforme os dados da série histórica compilados pela SES, são 301 mortes em Mato Grosso do Sul causadas por Influenza A H1N1, H3N2, Influenza não subtipada e Influenza B. Ainda de acordo com os dados, em 2016, ano mais crítico, foram 103 mortes causadas por esses vírus respiratórios sendo 95 por Influenza A H1N1 e Influenza A não subtipado, além de 7 por Influenza B.

A Covid-19 em 389 dias (considerando desde o primeiro caso confirmado em MS no dia 14 de março de 2020), já matou 4.513 sul-mato-grossenses. Isso estabelece uma média de 11 vítimas fatais por dia.

“Eu tenho dito que parece que as pessoas tiveram um apagão cerebral. Muitas vezes muito similar ao apagão de um lutador de boxe quando leva pancadas fortes na cabeça ou mesmo aqueles que as pessoas têm quando são vítimas de acidentes automobilísticos. Há um apagão cerebral de parte significativa da população de Mato Grosso do Sul. Vejo isso com muita preocupação porque não adianta decreto, não adianta fazer medidas restritivas se as pessoas estão pouco se importando com suas vidas e com a vida de seus familiares. Podemos ter o decreto mais rigoroso que não vão seguir, essa é a minha percepção atual infelizmente. E são levados a isso como se fossem seguidores de uma seita que está levando todo mundo ao suicídio”, avaliou o secretário estadual de saúde, Geraldo Resende.

“Nós vamos trabalhar intensamente para não faltar a essas pessoas, mesmo aos que hoje ainda são incrédulos, leitos de UTI, medicamento e vacinas. Enquanto eles criticam, criam fake news e fazem carreata, estamos trabalhando em equipe para que no caso dessas mesmas pessoas virem a se contaminar e ficarem doentes, não faltar a eles a assistência necessária para que possam tentar sobreviver”, finalizou Geraldo.

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