Os incêndios florestais registrados no Pantanal em 2020 podem se repetir ou até se intensificar em 2021 caso não sejam tomadas com rapidez as providências necessárias como formação e manutenção de brigadas de combate ao fogo, compra de equipamentos adequados, antecipação na contratação e mobilização do Prevfogo, campanhas de orientação às comunidades pantaneiras e identificação e punição dos responsáveis. O alerta foi emitido pelo Observatório Pantanal.
Dentre as recomendações de institutos de pesquisa, governos, universidades e organizações da sociedade civil que foram levadas ao Congresso Nacional figuram ainda a suspensão de licenças para implantação de novas pequenas centrais hidrelétricas na região hidrográfica do Paraguai, a aquisição de equipamentos e aeronaves, treinamento de efetivo das Forças Armadas em técnicas de controle de incêndios florestais, a destinação de recursos orçamentários para a realização de pesquisas, pelas instituições oficiais, sobre prevenção de fogo, recuperação ambiental, recursos hídricos, serviços ecossistêmicos e temas afins no bioma Pantanal.
Uma nova carta com reivindicações foi assinada pelo Observatório Pantanal e distribuída neste domingo (11) a parlamentares e representantes do Executivo como o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França e o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux.
O documento também foi enviado ao diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza e autoridades regionais, dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, relacionadas à área de combate ao fogo.
“Fazemos esse alerta urgente agora em abril para evitar uma catástrofe ainda maior em 2021. Não podemos permitir que o bioma, rico em biodiversidade, abrigo de animais e plantas nativas, e subsistência de comunidades tradicionais seja novamente destruído”, afirmou o analista de conservação do WWF-Brasil, Cássio Bernardino.
Em 2020, o Pantanal perdeu para o fogo área semelhante à do estado do Rio de Janeiro – 38.600 km². O fogo consumiu desde campos naturais até florestas, em escala sem precedentes em todo o histórico de monitoramento do bioma.
Foram mais de 22 mil focos de calor, cuja maioria, segundo depoimentos colhidos no Senado, foram provocados intencionalmente sem que houvesse qualquer punição. Uma perda significativa de biodiversidade e de modos de subsistência de comunidades.
Recomendações - Tanto o Senado, por meio da Comissão Temporária Externa criada para acompanhar as ações de enfrentamento aos incêndios, como a Câmara dos Deputados, expediram, no fim de 2020, uma série de recomendações a diferentes órgãos de governo, do Judiciário, do Ministério Público e do próprio Legislativo, com o objetivo de apurar responsabilidades pelo ocorrido no ano passado e criar as condições para que a situação não se repita em 2021.
As duas comissões recomendaram a criação de brigadas de incêndio. O Senado ainda recomendou que as brigadas sejam permanentes e que se construam reservatórios de água em áreas estratégicas. A Câmara dos Deputados recomendou que os brigadistas sejam contratados “em tempo hábil para que novas tragédias sejam evitadas” e ainda a criação de um “programa de recuperação de nascentes, cabeceiras e demais áreas críticas da Bacia do Alto Paraguai”.
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