Foram pelo menos 4 horas entre decolar de Campo Grande e pisar na mata. A onça macho resgatada na Serra do Amolar, no Pantanal, no dia 3 de novembro de 2020 foi solta hoje, por volta das 15 horas, no mesmo local onde foi capturada bastante debilitada, em tempos de fogo na região.
A luta para sobreviver durou dois meses e meio, já que o animal estava anêmico e machucado quando foi resgatado. Havia o risco de morte, como ocorreu com o parceiro, resgatado no mesmo dia, mas que não resistiu.
Nesta manhã, às 11 horas, avião da FAB (Força Aérea Brasileira) se deslocou a Corumbá para levar a onça pintada. Lá chegando, foram pelo menos 15 minutos de barco para chegar ao local da soltura e mais 1h30 para que o animal acordasse do sedativo e pudesse, de fato, ser solto.
O médico veterinário do CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) e responsável pelo tratamento e soltura do felino, Lucas Cazati, se alegra dizendo que o sentimento é de “alívio, satisfação e missão cumprida”. “A espera para soltá-la é porque exige cautela e paciência, foi tanto tempo para recuperação que agora é alegria e festa”, comemora.
A onça recebeu um colar com GPS para monitoramento. Ele vai servir para saber os locais por onde passa, onde dorme, abate e o perímetro demarcado pelo animal. Também servirá para identificar quando ele encontrar uma parceira, permitindo a continuação da espécie.
E é justamente a reprodução o mais importante na visão do presidente do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), coronel Ângelo Rabelo. “Esta soltura é importante porque é uma espécie ameaçada, além de estar no topo da cadeia, sendo importante para a biodiversidade da Serra do Amolar”, destacou.
O instituto ficará responsável pelo monitoramento e repasse das informações ao CRAS e ao Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).
O colar na onça vai fazer o monitoramento via GPS e ainda emitir sinal VHF. Serão 24 informações diárias. O sinal dará a informação sobre a distância e o GPS o percurso dela no dia", diz o médico veterinário do IHP, Diego Viana.
Também presente na soltura, a conselheira do CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária), Gisele Bandeira, comenta que deixar a onça no mesmo local onde foi resgatada é importante para seu restabelecimento.
"A informação que recebemos é que o processo de soltura é mais estressante ao animal do que a captura, já que antes ela estava debilitada, pedindo ajuda. Agora ela volta para seu habitat depois de dois meses, por isso existe um estresse, quanto mais longe de casa ela fica, pior para o retorno".
Na quarta-feira (20), o animal passou pela última bateria de exames, foi pesada e ganhou um colar para monitoramento via satélite.
“O trabalho do CRAS na reabilitação de animais silvestres já é excepcional. No caso dessa onça pintada, que é um símbolo do Pantanal, ele ganhou outra dimensão devido ao período dramático que tivemos no ano passado com os incêndios florestais em todo o Estado”, disse o titular da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck.
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