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'Vamos amanhecer aqui se for preciso', afirma capitão da aldeia sobre bloqueio na MS-156

Indígenas bloqueiam trecho da MS-156 em aldeias de Dourados. — Foto: Mauro Almeida Indígenas bloqueiam trecho da MS-156 em aldeias de Dourados. — Foto: Mauro Almeida

Na manhã desta segunda-feira (25), indígenas das aldeias Jaguapiru e Bororó, na Reserva Indígena de Dourados, bloquearam a rodovia MS-156, que liga Dourados a Itaporã. Conforme os manifestantes, o protesto é motivado pela crise de abastecimento de água que há anos afeta as comunidades e visa chamar a atenção das autoridades para a gravidade da situação.

O capitão Ramão Fernandes, da aldeia Jaguapiru, afirmou ao Dourados News que a rodovia permanecerá fechada por tempo indeterminado. Segundo ele, o problema da escassez de água atingiu um ponto crítico. “Sofremos com a falta de água há mais de cinco anos, mas agora chegou a uma situação insustentável. Os animais estão morrendo de sede e nossas famílias não têm o básico para viver. Fechar a rodovia é nossa última alternativa para sermos ouvidos”, desabafou.

De acordo com Fernandes, medidas paliativas, como o envio de caminhões-pipa, não são suficientes para resolver o problema. “Ontem mandaram três caminhões-pipa para cá, mas isso é só para nos enganar temporariamente. Nosso objetivo é a perfuração de poços artesianos, que é a única solução definitiva. Dessa vez, não vamos aceitar promessas vazias. Queremos um contrato assinado garantindo a perfuração dos poços e, enquanto isso, o envio diário de água”, afirmou.

O líder indígena também expressou a frustração da comunidade com a falta de ações concretas das autoridades. “Já bloqueamos a rodovia outras vezes, e sempre prometeram resolver, mas depois de um mês de caminhão-pipa, nos abandonaram novamente. Agora, não vamos abrir mão até que o compromisso seja formalizado.”

Bloqueio total e por tempo indeterminado

Diferentemente de protestos anteriores, em que a pista era liberada em intervalos regulares, desta vez o bloqueio é total e contínuo, sem previsão para liberação. Fernandes destacou que o movimento será mantido dia e noite. “A pista vai ficar fechada direto, sem abrir nem um minuto, até que sejamos atendidos. Vamos amanhecer aqui se for preciso”, garantiu.
 

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