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Vítimas de agressores podem “mostrar a mão com X” em farmácias de MS

Ideia para campanha nacional surgiu em Mato Grosso do Sul, depois de mulher aproveitar ida à farmácia para denunciar marido

Cartaz foi colado na balança da Farmácia Freire, na Avenida Afonso Pena (Foto: Marcos Maluf) Cartaz foi colado na balança da Farmácia Freire, na Avenida Afonso Pena (Foto: Marcos Maluf)

Em 5 meses Mato Grosso do Sul já registrou 15 feminicídios, 5 deles só em Campo Grande, mesmo número registrado na cidade ao longo de todo o ano de 2019. Para especialistas, a quarentena tem impacto direto na violência doméstica. Ccom o aumento de casos, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) lançou campanha para oferecer mais um local para as mulheres pedirem socorro: denunciar nas farmácias.

A campanha surgiu após caso registrado em Mato Grosso do Sul e virou ideia entre a equipe da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar em Mato Grosso do Sul. A parceria é com o CRF (Conselho Regional de Farmácia), AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros),  e outras instituições.

Como faço para pedir ajuda? Para pedir ajuda é só mostrar a mão em sinal de pare com um X vermelho desenhado com batom ou mesmo um papel com o X. Todas as farmácias aderem. São 443 em Campo Grande e 1561 em todo o Estado. Ao verem o sinal vermelho, os farmacêuticos discretamente vão pedir para que a mulher realize cadastro como se fosse para comprar medicamentos.

Com o acesso ao endereço, pode chamar a polícia para que vá até o local e inicie a investigação de violência doméstica. Mulheres que estiverem ao lado do agressor dentro das farmácias podem pedir para ter a pressão aferida. Serão levadas na sala onde as injeções e procedimentos como esse são realizados e ali podem denunciar.

É o que contou a farmacêutica Patrícia Freire, 30, proprietária da Farmácia Freire, localizada no cruzamento entre a Avenida Afonso Pena e a Rua Rui Barbosa. Ela já se adiantou. A campanha começou na quarta-feira (1) e nesta sexta-feira (12) os cartazes com a publicidade da campanha já estão colados ao lado da balança. Patrícia disse ter orientado todos os funcionários sobre o acolhimento.

Além disso, estendeu por iniciativa própria a campanha. Orientou também os entregadores para identificarem os sinais quando levarem os medicamentos comprados no delivery.

“Apesar de todo o trabalho que a gente faz, por incrível que pareça é difícil diminuir os números. Esse grupo foi instituído pelo ministro Dias Toffoli para que a gente pensasse em ações pra enfrentar a violência doméstica nessa pandemia. A gente sabe que a violência contra a mulher cresceu em todos os países, não seria diferente no Brasil”, comentou a juíza Jacqueline Machado.

Como a ideia surgiu – Caso inusitado de denúncia de violência doméstica, no interior de Mato Grosso do Sul, deu origem à campanha. Em dezembro do ano passado, uma mulher que era mantida em cárcere privado junto com a filha, pelo marido, aproveitou que eles foram vacinar a criança e denunciou o que estava acontecendo.

"A pessoa que sofre agressão muitas vezes não consegue avisar ninguém sobre o que está passando. E o agressor, muitas vezes, acaba deixando a vítima sair apenas para procurar um atendimento de saúde ou comprar um remédio. Por isso é fundamental que todas as farmácias e drogarias participem, e ajudem", disse o presidente do CRF Flávio Shinzato.

Nacional – Muitas farmácias ainda não aderiram, mas já são 10 mil em todo o país e o objetivo é chegar a 90 mil lojas. Neste link é possível fazer o download de todos os materiais da campanha e saber como seguir o protocolo de acolhimento das vítimas.

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