“Ele não saía para nada. Só para ir ao mercado, farmácia e padaria. Se cuidem”. O alerta é do comerciante Antônio Denadai, de 74 anos, que nesta quinta-feira (14) perdeu o filho Weslley Utinoi Denadai, de 38 anos, para a covid-19. O jovem adulto é o 14º paciente que morre em Mato Grosso do Sul em decorrência da doença provocada pelo novo coronavírus.
O pai conta que o filho, um homem de poucos amigos, fazia tratamento para síndrome do pânico e há dois anos abandonou o curso de Direito. Por isso, quase não saía de casa.
A família contava com a alta de Weslley, já havia até autorizado que ele fosse filmado quando deixasse o Hospital da Unimed de Campo Grande, onde foi internado no dia 30 de abril. “Ele me ligou, ontem ou anteontem, e falou 'pai, me tira daqui'. A gente achava que até o fim de semana, ele estaria em casa”.
Segundo o comerciante, quando o telefone tocou nesta manhã e veio o pedido para que que algum familiar fosse ao hospital, ninguém pôde imaginar que a notícia era da morte do paciente.
Maria Irene, de 66 anos, mãe de Weslley, foi se encontrar com os médicos sem o marido. “Ela que é muito mais forte que eu, ficou desesperada. Foi tudo muito de repente”, conta o pai.
Weslley fez 38 anos no dia 23 de abril e tinha comorbidades – diabetes, hipertensão e obesidade –, segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública). O pai confirma.
Ele começou a apresentar os sintomas da covid-19 no dia 22 de abril e o quadro piorou dias depois, mas mesmo internado, o paciente não precisou, num primeiro momento, de leito em UTI (Unidade de Tratamento Intensivo). “No dia 01/05/2020, o paciente transferido para UTI, onde foi entubado, permanecendo em ventilação mecânica”, informa a nota emitida pela Sesau.
Ainda conforme a secretaria, no dia 10 de maio, o doente foi “extubado” e no dia 12 de maio foi transferido para ala de tratamento semi-intensivo. Piorou no dia 13, ontem, e hoje, às 6h30 o quadro se agravou. O óbito foi constatado às 6h45 depois que Weslley precisou novamente ser entubado e, durante o procedimento, teve uma parada cardiorrespiratória.
Ainda sem entender como foi que o filho se contaminou com o coronavírus –ninguém da família testou positivo–, o pai lembra que Wesley tinha planos de voltar para a faculdade e uma paixão, o Corinthians.
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