Uma movimentação financeira que chega próxima aos R$ 500 milhões é o resultado das investigações realizadas pela Polícia Federal de Mato Grosso do Sul, em conjunto com a Receita Federal e o Ministério da Transparência e Controladoria Geral da União (CGU), na sexta fase da Operação Lama Asfáltica, a Operação Computadores de Lama, deflagrada ontem em Campo Grande, Dourados, Paranhos e Jaraguari, para o cumprimento de quatro mandados de prisão preventiva e 25 mandados de busca e apreensão e ainda o seqüestro de valores nas contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas investigadas nessas quatro cidades do Estado.
As informações sobre esta fase da Lama Asfáltica foram divulgadas no final da manhã de ontem, na Superintendência da Polícia Federal, na Capital, pelo superintendente da PF, delegado Luciano Flores de Lima; coordenador de investigações sobre o Crime Organizado da PF, delegado Cleo Mazotti; superintendente da CGU, José Paulo Barbieri e auditor da Receita Federal José Maria de Moraes Nogueira, que detalharam as ações da Operação Computadores de Lama.
Nesta fase da Lama Asfáltica, as investigações apuraram que o dinheiro desviado dos cofres públicos continuava sendo enviado para o exterior e, depois de lavado, retornava para contas de laranjas da organização criminosa instalada no início da década e que resultou na primeira operação, em julho de 2015. Na fase Computadores de Lama, as investigações descobriram a movimentação de R$ 22 milhões dessa forma e também requisitaram à Justiça o seqüestro desses valores, que acumulam o desvio de R$ 432 milhões desde a primeira ação policial.
O Operação Computadores de Lama, segundo a força-tarefa da Lama Asfáltica, continua com os objetivos de desarticular organização criminosa, formada por empresários e agentes públicos, especializada em desviar recursos federais mediante fraude em licitações e superfaturamento na execução de contratos com o Governo do Estado. O grupo tem atuação, entre outras áreas, no ramo de pavimentação de rodovias, construção de vias públicas, limpeza urbana, prestação de serviços de informática e produção gráfica.
Os investigados, que chegam a quase 60 pessoas, mesmo com as outras fases da Lama Asfáltica em andamento, continuavam a enviar para o exterior os valores desviados e se utilizavam de laranjas para esconder o patrimônio adquirido com o dinheiro público obtido de forma ilícita, documentando as transações por meio de compra fictícia ou ilegal de produtos, ou contratos simulados, entre os órgãos públicos e as empresas dos acusados.
PRESOS
Foram presos ontem o empresário João R.B, que também teve documentos apreendidos em seu apartamento, nas imediações do Parque das Nações Indígenas e o empresário Antonio C.C., também do ramo de informática e, mais tarde, se apresentou na Superintendência da PF o ex-secretário-adjunto de Fazenda no governo de André Puccinelli (MDB), André Luiz Cance, também investigado na Lama Asfáltica. O pecuarista Romilton R.O., até o meio da tarde, ainda não havia sido localizado.
BUSCAS
Além das buscas na residência de Baird, os integrantes da força-tarefa da Computadores de Lama – 100 policiais federais, 17 auditores da CGU e 33 servidores da Receita Federal – também cumpriram mandados no gabinete de um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE/MS), onde um assessor é investigado; em uma empresa de advocacia da Capital e também em Dourados, Jaraguari e Paranhos, onde funcionariam empresas encarregadas de enviar e receber as remessas de dinheiro desviado no exterior.
A OPERAÇÃO
A Operação Computadores de Lama é resultado da análise dos materiais apreendidos, fiscalizações, exames periciais e diligências realizadas nas cinco fases anteriores – Lama Asfáltica, Fazendas de Lama, em maio de 2016; Aviões de Lama, em julho de 2016; Fazendas de Lama, em maio de 2017 e Papiros de Lama, em novembro do ano passado. Nesta nova etapa, segundo os delegados, as investigações foram concentradas na remessa clandestina de dinheiro para o exterior realizada por proprietários de empresas de informática, que venciam licitações direcionadas.
Após a promulgação de uma lei federal que permitiu a repatriação de dinheiro enviado por brasileiros ao exterior, ainda não declarados à Receita Federal, um dos investigados tentou repatriar R$ 4 milhões do Paraguai, apresentando uma Declaração de Regularização de Recursos no Exterior (Decat) e acabou identificado pela força-tarefa quando tentava disponibilizar esses valores no Brasil, regularizado. Ele foi identificado como laranja de Baird.
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