Mais um caso envolvendo bebês chama a atenção na maternidade do HU (Hospital Universitário) da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados). Um bebê teve a perna direita amputada 12 dias após o parto e a família pede que o caso seja apurado pelo Conselho Municipal de Saúde e pelo Ministério Público.
A maternidade já enfrenta uma investigação do MPF (Ministério Público Federal) após denúncias de que mortes de bebês ocorreram neste ano por falta de atendimento. A unidade é a única credenciada a fazer partos pelo SUS (Sistema Único da Saúde) numa região de 33 municípios.
Valdinéia de Souza Flores, 22, que mora em Ivinhema, teve o filho no dia 30 de outubro. Como a criança estava com uma veia da perna entupida e a maternidade não teria o cateter para fazer o procedimento de desentupimento, ela foi orientada a procurar o Ministério Público para tentar vaga em outro hospital.
A mãe conta que na maternidade da Santa Casa em Campo Grande era possível fazer o procedimento, mas teria sido informada pelo hospital que não havia médico à disposição. Também foi encontrada uma vaga em um hospital de Curitiba (PR), entretanto, a família não tinha como se deslocar até a capital paranaense.
Caso raro, segundo HU – De acordo com a assessoria de comunicação do HU, o bebê apresentou trombose arterial no membro inferior direito, um problema raro para essa faixa etária, e a amputação foi a última opção decidida pelos médicos para salvar a vida do garoto.
“A criança foi avaliada por vários especialistas, inclusive com a colaboração de médicos de outros hospitais do Estado e devido à gravidade do caso foi decidido pela conduta não-cirúrgica, com tratamento clínico e o uso de anticoagulante para a dissolução do coágulo (trombo). Infelizmente, a resposta ao tratamento não foi satisfatória, sendo necessária a cirurgia para amputação, realizada na quarta-feira (11). O procedimento foi adotado com a última opção viável para o tratamento da doença e a manutenção da vida do recém-nascido”, afirmou o HU em nota encaminhada ao Campo Grande News.
O hospital descarta ocorrência de omissão ou negligência. “Toda a assistência possível foi empregada no caso, amplamente debatido entre os especialistas do HU-UFGD e de outros hospitais, que chegaram à conclusão de que o tratamento clínico era o mais adequado para a situação da criança”.
Sem condições para uso de cateter – Sobre a alegação da mãe, de que não havia o cateter para desentupimento da veia, a assessoria do HU disse que esse procedimento colocaria a vida do bebê em risco, por se tratar de um procedimento cirúrgico ao qual o paciente não tinha condições de ser submetido. “Portanto, o uso desse material não teria sido feito, mesmo que estivesse à disposição”.
O HU informou que houve tentativa de transferência do bebê para hospital da rede pública em Campo Grande. No entanto, a avaliação conjunta dos profissionais das duas cidades foi de que os procedimentos que seriam feitos na Capital eram os que estavam sendo adotados em Dourados, “não havendo necessidade da transferência, que só seria indicada em caso de cirurgia”.
Investigação – Em outubro deste ano, o MPF instaurou inquérito civil para investigar as mortes de bebês ocorridas na maternidade do HU de Dourados. A investigação abrange mortes perinatais (óbitos fetais a partir de 154 dias de gestação) e mortes neonatais precoces (na primeira semana de vida).
Para iniciar a investigação, o MPF requisitou ao Conselho Municipal de Saúde cópia do áudio de uma reunião do conselho realizada em 21 de setembro de 2015.
Ao Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, o MPF requisitou o número de óbitos fetais e de mortes neonatais precoces ocorridos de 2012 a 2015, com a indicação das causas, o número total de nascidos vivos e respectiva taxa de mortalidade perinatal, além de apresentar comparativo da taxa de mortalidade perinatal do HU com as taxas estadual, regional e nacional. A investigação começou após notícia de seis mortes perinatais ocorridas no HU entre setembro e outubro.
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