Em consequência das fortes e constantes chuvas que atingem Mato Grosso do Sul há meses, 13 municípios do Estado estão em situação de emergência, a maioria na região Sul, onde ocorre na manhã desta terça-feira (2.1) as maiores precipitações. Em Porto Murtinho, onde o alagamento do bairro da Cohab deixou 600 pessoas desabrigadas e desalojadas no fim do ano passado, a situação está sob controle.
O último município a decretar situação de emergência foi Tacuru. A Coordenação Estadual da Defesa Civil (Cedec) informou que os 13 municípios estão recebendo apoio operacional do Estado, com uma atenção maior no momento nas regiões de Tacuru e Sete Quedas, onde chove com maior intensidade. "O volume de chuvas por mais de dez dias ininterruptos lembra a situação de calamidade de 2015", afirma o prefeito de Tacuru, Carlinhos Pelegrini.
As prefeituras de Tacuru e Sete Quedas estão concluindo os levantamentos dos estragos para apresentar à Cedec. "Temos uma extensa malha viária, para atender quatro assentamentos rurais, duas aldeias indígenas e toda a zona rural, e os acessos estão comprometidos", acrescentou Pelegrini. Segundo ele, uma rede de tubulação no centro da cidade ameaça romper devido a um erosão, sendo este o dano mais relevante até o momento.
Conforme relatório divulgado nesta terça-feira pela Cedec, 11.326 pessoas foram afetadas pelas chuvas nos 12 municípios em emergência, que são: Coronel Sapucaia, Deodápolis, Batayporã, Novo Horizonte do Sul, Itaquiraí, Japorã, Eldorado, Rio Verde, Miranda, Bataguassu, Porto Murtinho e Sete Quedas. Os danos causados pelas chuvas nestas localidades vão desde alagamentos e destruição de estradas, bueiros e pontes de madeira.
Miranda em alerta
O rio Miranda (afluente do rio Paraguai) superou o nível de emergência nesta terça-feira – a última leitura da régua pluviométrica registrou 7,4 metros -, confirmando previsões da Sala de Situação do Instituto de Meio Ambiente de MS (Imasul). No primeiro dia do ano, o Imasul havia lançado um aviso de evento crítico em relação ao rio, com a probabilidade de atingir o nível de emergência, que é de sete metros, no município de Miranda.
Às 16h do dia 1º, o rio atingiu a cota de 6,98 metros, "com potencial para provocar significativos danos materiais e com risco à integridade humana nas próximas 24 horas", conforme o alerta, após chover 79 milímetros nas cabeceiras. O coordenador municipal de Defesa Civil, Amarildo Arguelho, informou que a subida do rio atingiu os bairros Maria do Rosário e Nova Miranda, "mas a situação está sob controle".
Conforme o coordenador, a prefeitura local está atuando na área atingida, cumprindo recomendações da Coordenação Estadual da Defesa Civil, e todas as providências estão sendo tomadas em caso de retirada das famílias atingidas. "A água já chegou às casas dos ribeirinhos, onde mais de 30 famílias foram afetadas", explicou. As águas do Miranda também já invadiram campos e estradas na região da Estrada Parque, em Corumbá, onde o rio deságua no Paraguai.
Murtinho sem chuva
Os mapas meteorológicos divulgados pelo Ministério da Aeronáutica e Centro de Monitoramento de Desastres Naturais não indicaram chuvas na região de Porto Murtinho, extremo sudoeste do Estado, na manhã desta terça-feira. A Cedec informou que o número oficial de pessoas atingidas pelo alagamento passou de 360 para 600, contudo as ações da prefeitura, com o apoio do Corpo de Bombeiro, estão normalizando a situação no bairro Cohab, onde moram os desabrigados e desalojados.
Na semana passada (29.12), por determinação do governador Reinaldo Azambuja, o Governo do Estado atuou na região com apoio humanitário. Os desabrigados de Murtinho receberam cestas básicas, colchões, mantas e kit dormitório entregues emergencialmente pela Cedec. Foram distribuídas 100 cestas básicas de alimentos, 87 colchões, 90 kits dormitório (contendo os itens do jogo de cama) e 200 mantas.
Reinaldo Azambuja também determinou uma força-tarefa para levantamento da situação, cuja ação do executivo estadual teve a participação dos deputados federais Zeca do PT e Vander Loubet, ambos de Porto Murtinho. Após a verificação da situação das casas alagadas pela Cedec e prefeitura, ficou definido que nenhuma família poderá voltar a ocupar os imóveis sem laudo do Corpo de Bombeiros atestando que não existe risco às famílias. Na semana passada, o prefeito do município, Derley Delevatti, decretou situação de emergência.
Comentários