frio estranho

Clima está atípico em 2013, mas ainda assim não foge da ‘normalidade’ segundo especialistas

As baixas temperaturas e as chuva bateram recordes em Dourados ao longo desses oito meses de 2013. Porém, na opinião de especialistas, os registros não fogem da normalidade.

No mês de março, onde a média histórica de chuva (segundo dados da Embrapa Agropecuária Oeste) é de 139.5 milímetros, o volume de água chegou a 320.6 mm, a segunda maior em 33 anos (atrás apenas do registrado em 1985, que marcou 430.9 mm). Em 18 do mesmo mês, em apenas três horas a precipitação foi de 101.2 mm.

Por causa da quantidade, mais de 20 famílias ficaram desabrigadas na Vila Cachoeirinha, após o córrego Rego D’Água transbordar.

Outro ponto curioso foi o registro de temperatura negativa em Dourados, que não acontecia há 13 anos (-0.5°C em 25 de julho). As secas de julho também contribuíram para os pequenos fenômenos climáticos.

Apesar desses registros, especialistas apontam que a variação climática está dentro da normalidade, apesar de atípica.

“Temos realmente uma situação atípica, mas nada que fuja da normalidade. As características climáticas continuam as mesmas para as estações do ano, apesar desses números e registros incomuns perante as médias históricas”, avaliou o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Carlos Ricardo Fietz.

Sobre frio e chuva durante o inverno, que começou no dia 21 de junho e vai até o dia 21 de setembro, os números ‘incomuns’ também chamam a atenção.

Além da marca de temperatura abaixo de zero registrada em julho, após mais de uma década, a distribuição de chuva também foram diferenciadas. A maior concentração foi no mês de junho, com volume de 208.4 mm, acima da média para o mês que é 74.3 mm.

Já em julho, ficou abaixo da média de 46.4 mm, atingindo apenas 26.8 mm. Em agosto, o número foi menor ainda. Até hoje, o volume marca 4.2 mm perante uma média histórica de 48.2.

“O inverno deste ano está realmente diferente em alguns pontos, como o marco de temperaturas abaixo de zero em Dourados, que é algo que não acontecia há 13 anos, e a concentração de chuva no mês de junho. No entanto, não é possível dizer que houve uma mudança no clima. O que existe é uma variação normal, mas com marcas realmente atípicas”, avaliou Fietz.

A meteorologista do Cemtec/MS (Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul), Cátia Braga, concorda com o cenário atípico, e destaca que o frio está mais intenso. No entanto, ela pondera que não há uma mudança ‘anormal’.

“Há um ciclo de variação climática que é absolutamente normal. Realmente temos uma situação atípica que é de frio intenso e contínuo, o que não acontecia há pelo menos dois anos. Mas, ainda assim, o cenário está dentro das características climáticas naturais desta época do ano, não se pode dizer que há uma mudança no clima”.

Ontem (27), conforme dados do Cemtec/MS, Dourados marcou temperatura mínima de 4.2ºC por volta das 6h, com sensação térmica de -8°C. A previsão, segundo o Cemtec/MS é de que o frio intenso continue até sexta-feira, quando os termômetros devem marcar mais de 30°C.

A possível influência de fenômenos climáticos nas mudanças bruscas de temperatura, que foi a explicação para a chuva acima do normal registrada em março, apontada pela Embrapa Agropecuária Oeste como reflexo da chamada Alta Boliviana, Cátia diz que esta não é uma explicação possível no momento.

“Estamos em um período de neutralidade nesse sentido, não temos a ocorrência de nenhum fenômeno climático como o El Niño, ou algo do gênero, que costuma influenciar em mudanças drásticas no tempo”, disse a meteorologista, que teve o raciocínio acompanhado pelo pesquisador da Embrapa. “Não é o caso, estamos realmente em um período de neutralidade”, disse Fietz.

do Dourados News

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