Técnicas de marcenaria desenvolvidas por internos da Unidade Penal Ricardo Brandão (UPRB), em Ponta Porã, têm beneficiado uma instituição que luta em defesa dos animais na região de fronteira – a Organização Não Governamental (ONG) Irmandade das Patinhas.
Centenas de cofres em madeira, de diferentes tamanhos, foram confeccionados por quatro reeducandos na oficina de marcenaria do presídio e entregues à entidade. As peças foram distribuídas em diversos estabelecimentos comerciais da cidade para arrecadação de doação junto à população.
A parceria feita pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), por meio da direção do presídio, leva conhecimento e remição da pena aos reeducandos, além de contribuir para as atividades da entidade que resgata animais em perigo ou abandonados. Conforme a Lei de Execução Penal, os internos recebem remição de um dia na pena a cada três trabalhados.
De acordo com o diretor da UPRB, Carlos Eduardo Lhopi Jardim, além do conhecimento adquirido, os reeducandos contribuem de forma positiva para a sociedade. “A ONG solicitou nosso apoio no sentido de contribuir na arrecadação de verbas para a instituição, então pensamos na confecção dos cofres, que vai evitar prejuízos sobre os valores arrecadados, já que anteriormente as doações ficavam em potes que facilmente eram furtados”, explica Jardim, que retornou à direção do presídio no dia 1º de fevereiro.
Para o interno Emerson Hélio do Prado Ferreira, ter a oportunidade de trabalhar enquanto cumpre pena é uma grande satisfação. “Isso ajuda a me reintegrar na sociedade, ocupa minha mente aqui dentro e ainda consegui aprender uma nova profissão”, ressalta afirmando que além dos cofres também confeccionam vários tipos de móveis na oficina.
Segundo a diretora e idealizadora da ONG, Rosane Mazetto, os recursos são escassos para manter os animais resgatados e a instituição ainda não conta com uma sede própria. “Precisamos da união da população e órgãos segmentados para a melhor continuidade dos nossos trabalhos e a parceria com a Agepen é de suma importância, já que contribui diretamente para o sucesso deste nobre trabalho de proteção e defesa animal na região de fronteira”, afirma.
A diretora destacando que o dinheiro arrecadado será destinado a pagamento de veterinários e aquisição de ração e medicamentos. “Não temos abrigo, tratamos os animais em parceria com a população e as protetoras que abrem suas casas para acolher dando lar temporário para os animais”, explica Rosane.
A Irmandade das Patinhas foi criada em maio de 2014 com o intuito de levar conscientização, defesa e proteção aos animais da região. Mensalmente, atendem mais de 100 animais recolhidos das ruas, sempre com o resgate, tratamento e inclusão dos mesmos em lares adequados com o termo de responsabilidade da Lei. A instituição sobrevive de pequenas doações, promoções de eventos e da união de um grupo “Mão na Massa” que resgata, cuida, castra e doa os animais.
Ocupação produtiva
Na UPRB, a utilização de mão de obra prisional em benefícios de instituições sociais é constante. Um exemplo disso, assim como os cofres, foi a confecção de medalhas e troféus esportivos em MDF, com o objetivo de incentivar o atletismo e maratonas. As peças atenderam seis eventos esportivos, todos sem fins lucrativos.
Com foco na ressocialização, através da ocupação produtiva dos detentos, atualmente o presídio conta com 14 oficinas laborais, entre olaria, marcenaria, fábrica de vassouras, costura, etc, que oferecem trabalho a 168 reeducandos.
Ações como essas são coordenadas pela Diretoria de Assistência Penitenciária da Agepen, por meio da Divisão de Trabalho.
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