O enfrentamento à Covid-19, causada pelo novo coronavírus na cidade de Guia Lopes da Laguna, a 233 km de Campo Grande, colocou o município com pouco mais de 10 mil habitantes sob holofotes. A cidade vive um surto da doença desde seu primeiro caso positivo, em 5 de maio e, de lá pra cá, já são 46 confirmações até a manhã desta quarta-feira (13). As autoridades municipais seguem em estado permanente de alerta e o principal problema parece ser a conscientização de lagunenses.
Em transmissões ao vivo nas redes sociais, o prefeito de Guia Lopes, Jair Scapini, relata todos os dias casos de violação do isolamento, inclusive de pessoas com a confirmação da doença. Desde o caso zero, de um caminhoneiro que esteve em São Paulo e trabalhava em um frigorífico da cidade, os casos agora crescem em decorrência de violações que vão desde pacientes que saem de casa para irem a casas lotéricas, idas a sítios e ranchos a rodas de tereré entre amigos e até recebimento parentes de outras cidades.
“É assustador. Tudo isso começou no [feriado] do Dia do Trabalhador e agora com o Dia das Mães a gente espera mais [casos]. É algo que a gente espera [o aumento de casos]. Infelizmente, as pessoas não entendem o que está acontecendo. Eles seguem compartilhando tereré, saindo de casa, viajando. A vigilância liga todos os dias para eles [casos positivos], alguns recusam as ligações. Vamos ter que sair às ruas e fazer abordagem”, admite o prefeito.
Na última sexta-feira (8), a cidade amanheceu sob duras regras de circulação de pessoas. O lockdown, como é chamado o conjunto de restrições que vão do funcionamento ao comércio ao direito de sair de casa, foi implantado a fim de reduzir o número de pessoas nas ruas. De fato, o sábado véspera do Dia das Mães teve uma cidade com ruas “mortas”. Mas o problema é que muitos saíram de casa para a residência de outros.
Na terça-feira (12), um áudio de WhatsApp circulou pela cidade, com o relato de uma enfermeira da rede pública do município, no qual é descrito um desrespeito sistêmico às recomendações da Secretaria Municipal de Saúde do município e que envolve até mesmo a migração de pessoas entre os municípios. A autoria não foi confirmada pela reportagem, mas, ao Jornal Midiamax, o prefeito havia afirmado que seguirá com a prisão de quem violar o decreto municipal.
Na manhã desta quarta-feira (13), porém, Scapini afirmou que a prisão de cidadãos em delegacias pode ser um obstáculo. “Não tem onde prender. O MPMS (Ministério Público Estadual) já se pronunciou sobre isso, mas não temos onde colocar. Prisão domiciliar não tem efeito, porque todo dia tem caso positivo sendo flagrado na rua”, relatou.
“A cidade tem esse hábito de sair de casa e tomar tereré na casa de um familiar, de um amigo. Isso continua acontecendo, eles não acreditam que está tendo algo grave. Estamos muito preocupados com isso. Se as pessoas, pelo menos, não compartilhassem as bombas”, conta.
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