Empresário dono de várias óticas em Mato Grosso do Sul é alvo de investigação que constatou prática de irregularidades, entre elas venda casada em parceria com médico oftalmologista que atua em Campo Grande. Conforme a apuração, o profissional recebia pacientes encaminhados por óticas do interior do Estado na promessa de desconto de 50% no exame oftalmológico.

A apuração começou a ser feita no início deste ano depois de denúncias de moradores de Sidrolândia. Eles procuraram o Ministério Público para orientação sobre a prática de ótica que direcionava os pacientes para que consultas fossem feitas com oftalmologista da Capital.

Inquérito foi aberto pela promotoria da cidade que descobriu que a mesma prática, conhecida como venda casada, era feita em outras cidades, entre elas Nova Alvorada do Sul.

Os detalhes da apuração foram então passados para a promotoria da cidade que hoje emitiu recomendação para que a prática de "condutas irregulares por parte tanto do profissional médico citado como da ótica ali nominada" não ocorra mais.

O promotor Mauricio Mecelis Cabral disse à reportagem que o sócio-proprietário da Ótica Confiança, Marcelo de Oliveira Santos, foi identificado como participante do esquema e o documento publicado hoje tem objetivo para que a venda não ocorra mais.

A apuração descobriu que o consumidor era ludibriado tanto pela ótica quanto pelo médico. Se os pacientes adquirissem óculos e lentes na ótica, a promessa era que a consulta com o oftalmologista da Capital seria parcialmente paga pela empresa. Com isso, o desconto ao consumidor chegava a 50%.

Responsável pela investigação completa, a promotora Daniele Borghetti, de Sidrolândia, não quis detalhar as apurações ao Portal Correio do Estado. A informação era de que apenas a assessoria de imprensa falaria sobre o assunto. A reportagem não conseguiu contato com a assessoria.

A reportagem também falou com a assessoria de imprensa do Conselho Regional de Medicina (CRM-MS) para saber se há algum procedimento em andamento para apurar o suposto esquema, mas o órgão informou que não divulga investigações em andamento.

O médico Edgar Zanin Júnior disse ao Portal Correio do Estado que a venda casada nunca existiu. Segundo ele, na época em que teve consultório em Sidrolândia era vizinho do dono das óticas e que ele acabou usando o nome do oftalmologista para atrair consumidores.

"Eu caí de gaiato nisso. Quem me procura no meu consultório vem aqui e paga a consulta e eu não sei de onde vem o dinheiro. Eu apresentei minha versão para a promotora [de Sidrolândia] e ela disse que o caso seria arquivado", disse o profissional. No entanto, a investigação acabou sendo distribuída para outras cidades onde o empresário possui óticas, entre elas Campo Grande, e as investigações continuam.