Dourados

Conselho Indígena pede intervenção contra narcotráfico nas aldeias de Dourados

O Conselho Indígena formado por caciques das aldeias Bororó e Jaguapiru estão pedindo a intervenção das forças policiais contra o narcotráfico instalado na Reserva. Essa semana, lideranças estiveram na Fundação Nacional do Índio, em Brasília, para pedir uma operação que feche os pontos de droga na Reserva.

A comunidade mapeou 60 bocas de fumo isntaladas nas aldeias. Também marcaram uma reunião com o Ministério Público Estadual e Vara da Infância e Juventude para denunciar formalmente que pelo menos 30% dos adolescentes da Reserva estaria recrutado para o tráfico de drogas. "É urgente uma intervenção policial na Reserva, que está tomada pelos bandidos. estamos refens da criminalidade", lamenta o cacique da Aldeia Jaguapiru Silvio de Leão.

Conforme ele, pelo menos 30% das crianças a partir dos 8 anos estariam recrutadas pelo tráfico de drogas dentro da Reserva. "A estratégia é simples. Fornecem drogas de forma gratuíta e depois começam a cobrar. Os menores ficam sendo ameaçados e para quitar a dívida entram para o crime. As meninas chegam a se prostituir e os meninos começam a roubar", destaca.

Segundo ele a comunidade vive amedrontada. Famílias, que já sofrem com a miséria, perdem tudo o que conseguiram através dos programas sociais por causa da dívida das drogas, que só aumentam. As lideranças também apontam mais de 260 não-índios vivendo na comunidade, sendo que cerca de 100 deles estariam utilizando a área para se refugiar de crimes diversos.

"Muitos deles fazem parte de quadrilhas especializadas em furtos, desmanches, receptação e tráfico de drogas. Daqui sai muito do que é roubado na cidade e, apesar de denunciarmos os casos para a polícia, nenhuma providência é tomada. Nas raras vezes que a Polícia apareceu aqui, a informação vazou antes e os policiais nada apreenderam. Os bandidos se aproveitam que não há segurança e tomam conta da reserva. Exploram nossos patrícios, matam, ameaçam, roubam e fazem das aldeias seus verdadeiros impérios", acrescenta.

O Observatório dos Direitos Indígenas também vem alertando para a problemática. O advogado Wilson de Mattos diz que o poder público deve enfrentar as drogas criando políticas públicas para tirar a juventude do ócio. "Faltam oportunidades de trabalho, cursos profissionalizantes e uma educação com mais qualidade", observa.

Forças policiais

A Polícia Federal de Dourados vem informando que não é autorizada a fazer policiamento ostensivo da reserva e que só pode atuar em casos de conflitos por terras. A Polícia Militar vem informando que está realizando rondas ostensivas dentro da Reserva, assim como faz em todos os bairros de Dourados, mas que não tem condições de permanecer com equipes 24 horas no local por uma questão de estrutura.

A Polícia Civil disse que vem cumprindo seu papel nas investigações e que não recebeu detalhadamente o mapeamento feito pelas lideranças, mas que pretende atuar em parceria com a Polícia Federal e Polícia Militar para fazer o enfrentamento do tráfico nas aldeias.

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