Denúncias de maus tratos e crimes sexuais são os que mais têm crescido, aponta o Conselho Tutelar de Dourados. O órgão realizou mais de sete mil atendimentos esse ano, entre orientações, evasão escolar, violência e demais situações que colocam em risco ou situação de vulnerabilidade as crianças e adolescentes. Se comparado com o ano passado, houve um aumento de 53% nas denúncias, porém as que mais têm chamado a atenção do Conselho são aquelas voltadas para crimes sexuais e maus tratos. O tema ganha repercussão hoje, Dia do Conselheiro Tutelar, que é o profissional que se dedica a proteger o direito das crianças e adolescentes.
De acordo com a coordenadora do Conselho Tutelar Central de Dourados, Lucielen Leivas Leite Prudente, a maioria dos casos de maus tratos está relacionada ao consumo, pelos pais, de bebidas alcoólicas. Conforme Lucielen, a maioria dos atendimentos, cerca de 80%, ocorre na reserva indígena.
Já em relação aos abusos sexuais, fato que chama a atenção é que geralmente o agressor é alguém que está dentro da casa. "Infelizmente os familiares são os principais violadores", alerta.
Para a coordenadora, o aumento no registro de casos de maus-tratos e abuso sexual não está relacionado necessariamente ao aumento da incidência, mas principalmente a uma maior disposição das pessoas em encaminhar as denúncias. "Isso é resultado da intensificação de campanhas de orientação que são desenvolvidas junto às escolas e comunidades.
Tanto que é crescente o número de denúncias que chegam principalmente de forma anônima nos serviços disponibilizados, como os Disque 100 e também diretamente ao plantão do Conselho Tutelar. Todos esses casos são averiguados por nossas equipes e, quando é procedente, são tomadas as medidas necessárias", enfatiza.
Parceiro
Para a coordenadora, há uma mudança no conceito que as pessoas faziam sobre o trabalho do Conselho Tutelar. "Elas passaram a ver o Conselho Tutelar como um parceiro e não mais como órgão inibidor, que pode tirar a guarda do seu filho. Pois o conselho sempre foi visto como órgão repressor e não defensor de direitos. Acredito que é essa a mensagem que queremos deixar, sobre a importância do trabalho desses conselheiros e o que fazemos para proteger os direitos das crianças", destaca, observando que ser conselheiro é se dedicar 24h na defesa das crianças. "Nós corremos riscos, somos ameaçados o tempo todo, quando buscamos cumprir nossa missão de tirar da vulnerabilidade as nossas crianças. Aos poucos, a sociedade está entendendo nosso trabalho", enfatiza.
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