O município de Dourados tem um déficit de no mínimo 300 policiais militares, o que estaria afetando cerca de 50% das ocorrências e solicitações que chegam da população via serviço 190 nos finais de semana.
São cerca de 150 ligações diárias entre sexta-feira e sábado e a PM só consegue atender aquelas com maior potencial ofensivo.
As informações são da Associação e Centro Social dos Policiais Militares e Bombeiros Militares de Mato Grosso do Sul (ACS/PMDM/MS), que na última quinta-feira acionou o Ministério Público Estadual e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-Dourados) para denunciar o baixo efetivo em Dourados.
De acordo com o presidente da Associação da categoria, Aparecido Lima da Rocha, o problema é tão grave que pelo menos 8 viaturas da PM, novas e abastecidas estão paradas no pátio do 3º Batalhão por falta de policiais.
Dourados conta com cerca de 500 policiais militares, o ideal seria 841. Esses números mostram que a cidade, juntamente com os distritos, têm pouco mais da metade do que é o necessário. "A recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU) é para que haja um policial a cada 250 habitantes e que cada viatura tenha o mínimo de quatro componentes e que eles tenham tempo de descanso. Estamos muito aquém desta realidade, tanto em Dourados, como em todas as cidades de MS", destaca Aparecido, observando que o número de aposentadorias e licenças está sendo bem maior do que as entradas nos quadros de servidores.
Segundo o presidente, a falta de efetivo tem colocado em risco a vida dos policiais e como conseqüência atingem o atendimento à sociedade. Segundo ele, apenas três viaturas de Radio Patrulha vêm realizando rondas no município com dois policiais cada . A penitenciária atualmente realiza serviço de vigilância das torres com apenas uma funcionando, tendo que retirar uma viatura de rua para apoiar o serviço de vigilância das mesmas.
Outra preocupação é com presos doentes. Conforme ainda a Associação, existem apenas duas equipes nos serviços de apoio e atendimentos as ocorrências de maior gravidade (Tático e Getam), porém é insuficiente já que a PM ainda precisa fazer a escolta de presos internados nos hospitais que atendem a rede pública como o Hospital da Vida, o Evangélico e o Hospital Universitário, sendo necessária a retirada de viaturas de Rádio Patrulha para fazer as escoltas desses locais.
Segundo ainda a associação, no Hospital da Vida é comum ter mais de cinco presos internados e apenas um policial militar fazendo as escoltas deles. Além disso Dourados recebe detentos de outras comarcas para atendimento médico e caso fique internado é passado para a equipe local realizar a escolta deles também, sendo necessária a desativação de viaturas das ruas para atuar nessa função.
Na Penitenciária Estadual de Dourados o risco para os policiais é ainda maior. "É sabido do sobrevoo de drones e da captura de dois, porém, não cessaram as investidas destes aparelhos nas imediações da unidade. Nas escoltas dos presos é comum ouvir que irão se rebelar, e que também existem armamentos em poder dos internos do raio 2, deixados pelos drones. Há risco para os policiais e para a sociedade, pois é dever do Estado garantir a preservação da ordem publica e incolumidade das pessoas e patrimônio", afirma Aparecido.
O presidente disse que existe uma previsão de concurso para o mês de abril, mas que geralmente Dourados sempre recebe números inferiores com relação a outros municípios. "Quero reunir toda a casse política de Dourados para que busquem sensibilizar o Estado a mandar um quantitativo maior de profissionais para a nossa cidade', afirma.
Estado
A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul informou que não recebeu nenhuma notificação do Ministério Público para essas denúncias e ue, portanto irá se manifestar no momento oportuno.
Comentários