Na manhã desta terça-feira (04), os indígenas que habitam as margens da rodovia MS-156, que liga os municípios de Itaporã e Dourados, realizaram uma Manifestação pacífica. Durante o protesto estavam reunidas várias etnias indígenas, entre elas Guarani, Kadwéu, Kaiowá, Xavante e Terena, os quais bloquearam por 30 minutos a rodovia.
A equipe do Diário Itaporã, juntamente com o produtor e radialista Rafael Campos esteve conversando com um dos representantes das lideranças indígenas, Izael Terena. Na oportunidade, Izael nos esclareceu que o objetivo deste protesto é prestar solidariedade aos irmãos indígenas envolvidos conflitos entre índios e policia Federal que aconteceu no ultimo dia 30, na fazenda Buriti no Município de Sidrolândia, onde o grande conflito que foi conhecido em todo Brasil ceifou a vida de Oziel Gabriel.
Ainda segundo o representante Terena, os indígenas querem mais espaço dentro da Reserva do Municipio. “Nosso povo hoje já soma quase 20 mil dentro de um espaço de pouco mais de 3,4 mil hectares”, comenta Izael. Atualmente só no município de Dourados nascem por ano mais de 400 crianças indígenas.
Izael Terena considera que ao mesmo tempo em que os indígenas precisam preservar sua cultura e tradição, também dependem de iniciativas que lhes deem sustentabilidade econômica. “Não basta dar só a terra, olha o que aconteceu com o Panambizinho, isso me deixa muito entristecido”, confessou o Terena.
Segundo Izael, o índio quer participar do agronegócio. “As tradições indígenas, como a dança e a religião, não são afetadas com a aquisição de conforto. Índios de todas as etnias querem satisfação pessoal, mas para isso é necessária a movimentação econômica e a ampliação de suas ideias e projetos”, destacou o representante.
O radialista Rafael Campos questionou Izael sobre o apoio da FUNAI em relação ao movimento. Em resposta, apesar de aguardar uma ação mais comprometida da Fundação Nacional do Índio, o terena vê o órgão como “inoperante” e condena sua atuação apenas como ferramenta política. “As equipes de trabalho formados pela Funai (para demarcação de novas áreas indígenas) só servem para movimentar dinheiro para benefícios próprios. Digo isso porque desconheço ações da Fundação que tenham beneficiado os nossos indígenas”, denuncia.
Sobre as reivindicações de novas áreas, o índio terena ressaltou ser favorável ao entendimento pacífico, mas se for necessário irão lutar pelos seus direitos, sendo que propriedades rurais vizinhas à reserva podem ser invadidas. “A reintegração de posse em Sidrolândia foi suspensa, mas caso a situação mude e a polícia tente retirar nossos irmãos de lá, nós vamos invadir as fazendas daqui, que também fazem parte das nossas terras”, destacou Izael Terena.
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