"A coisa mais díficil é você passar lá na frente, estar pagando e não poder morar. Enquanto isso, fico aqui vivendo de alguel, com filho especial, em dois pequenos cômodos". O depoimento é da dona de casa Lilian Magali Ferreira, de 31 anos. Assim como ela, que possui dois filhos, outras centenas de família aguardam um retorno sobre um condomínio no Jardim Canguru, região sul da cidade.
Ao G1 a Agência Municipal de Habitação (Emha) disse que "vários problemas atrasaram a entrega dos apartamentos, sendo que um deles foi constatado durante a vistoria da Infraestrutura. A iluminação do condomínio, por exemplo, não estava adequada. O problema já teria sido resolvido, mas os moradores ainda não receberam as chaves".
"No dia 28 de janeiro completamos quatro anos na comunidade Cidade dos Anjos, no Jardim das Hortênsias. Queremos o nosso lar, uma moradia digna para os nossos filhos. Nós inclusive já perdemos colegas, com problemas principalmente na época da chuva, por conta de infecção generalizada", explicou Ferreira.
A diarista Cristiana dos Santos ressaltou que, insistentemente, liga para a agência, porém sente frustração todas as vezes. Sozinha, ela sustenta uma família de quatro pessoas e possui a despesa mensal de R$ 500 para o aluguel. "A gente fica esperanda a prefeitura, a Emha e o desenrolar dessa história. Eles não falam nada, não tem previsão e ficamos aí passando apuro", comentou.
Com as despesas, Santos conta que não sobra dinheiro para os filhos. "Só eu sustento a casa, dou roupa, comida e fico nessa, sabendo que tudo está pronto e a gente pode pagar uma coisa que é nossa, mas não tem como", disse.
Ao todo, seriam 272 apartamentos, do Programa Minha Casa Minha Vida. O grupo afirma ter sido selecionado em uma análise bancária e, posteriormente sorteados em praça pública, no dia 24 de novembro de 2016. No entanto, os apartamentos estão prontos há cerca de dois anos. Os beneficiados tiveram seus nomes publicado no Diário Oficial de Campo Grande.
Medo de invasões
Além da moradia ruim, muitas famílias temem possíveis invasões por parte de vândalos no condomínio. É o caso de uma das comtempladas, que prefere não se identificar. "O empreendimento fica lá pronto e eles não dão uma resposta para gente. Continuo pagando aluguel e eles poderiam facilitar para gente. Nós também temos medo de invasões, temos o exemplo o Celina Jallad, Reinaldo Buzanelli, entre outros", comentou.
A autônoma Walquiria Belorte reside com o marido e o filho em um barraco de lona. São duas peças, quarto e cozinha. Já o banheiro ela usa do vizinho. "A madeira não está aguentando e nem segurando as telhas. A gente fica triste de ver tudo prontinho e eles não entregam", lamentou.
Para quem esperava passar as festas de fim de ano de 2015 e 2016 na casa nova, restou a decepção. "Achei nestes dois anos que estaríamos lá dentro, para soltar fogos, mas nada. É complicado", argumentou o açougueiro Robson Almeida Correa.
Dados da Emha apontam que atualmente faltam cerca de 42 mil moradia, na capital sul-mato-grossense. O presidente da agência, Enéas José de Carvalho Neto, comentou que foi prefeitura quem instalou os postes de luz. "O banco que financiou as moradias precisa ser informado das melhorias, mas isso não ocorreu", acredita.
Ainda conforme Neto, assim que houver o recebimento por parte do agente financeiro, no caso o Banco do Brasil, haverá a entrega. "Acredito que no primeiro trimestre já vamos entregar esse empreendimento", finalizou.
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