Fazendeiros de Caarapó, a 243 quilômetros de Campo Grande, foram presos nesta quinta-feira (18), por meio de mandados de prisão preventivas que atenderam pedido do MPF (Ministério Público Federal). As prisões são decorrentes da investigação sobre a morte do indígena da etnia Guarani-Kaiowá Cloudione Rodrigues Souza, de 26 anos, em junho deste ano.
Os mandados foram cumpridos por agentes da Polícia Federal (PF) em Dourados, Campo Grande, Caarapó e Laguna Caarapã, que também realizaram buscas e apreensões. De acordo com as investigações do MPF, os fazendeiros teriam envolvimento direto com o ataque e podem incorrer nos crimes de formação de milícia privada, homicídio, lesão corporal, constrangimento ilegal e dano qualificado.
A PF informou, por meio de nota, que o inquérito que apura a morte "deve ser concluído na próxima semana, com o indiciamento dos responsáveis". Segundo o MPF, a decretação das prisões preventivas visa à garantia da ordem pública e objetiva evitar novos casos de violência às comunidades indígenas da região – que já sofreram novo ataque, em 11 de julho
Para o MPF, os fazendeiros teriam envolvimento direto com o ataque e podem incorrer nos crimes de formação de milícia privada, homicídio, lesão corporal, constrangimento ilegal e dano qualificado. Em nota, o MPF informou que no dia 5 de julho, a Justiça Federal de Dourados deferiu requerimento do MPF e expediu os mandados de prisão, que, por mais de 40 dias, aguardaram o cumprimento pela Polícia Federal. "Para os integrantes da força-tarefa Avá Guarani, a demora na execução da determinação judicial é reflexo da falta de priorização da questão indígena pelo Executivo em todo o país".
Conflito
Cloudione era agente de saúde indígena e foi morto a tiros. Além dele, ficaram feridos no conflito um menino indígena de 12 anos, que foi atingido com um tiro na barriga; Jesus de Souza, de 29 anos; Libesio Marques Daniel, de 43 anos; Valdilio Garcia, de 26 anos; Norivaldo Mendes, de 37 anos.
No confronto, três policiais militares que foram até o local para ajudar os bombeiros no socorro às vítimas, também ficaram machucados. Eles tiveram as armas 'apreendidas' pelos indígenas que só devolveram no dia seguinte.
Antes do confronto, cerca de 600 indígenas da etnia Guarani-Kaiowá ocupando a Fazenda Yvu, que é reivindicada como parte território Tey’i Juçu. A comunidade indígenas afirma que a área foi desapropriada pelo antigo SPI (Serviço de Proteção ao Índio) e já foi reconhecida como terra indígena.
Segundo o site do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), o Relatório de Identificação e Demarcação do local foi finalizado em 2015, tendo sido iniciado em 2008, e está em condições de publicação, dependendo da ação da Funai (Fundação Nacional do Índio).
Após o confronto, a Força Nacional de Segurança foi encaminhada ao local. (Matéria editada para acréscimo de informações)
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