Em negociação há quase dois meses, trabalhadores dos Correios em 20 estados decidiram cruzar os braços. A greve teve início ontem e segue por tempo indeterminado. Entre os motivos da paralisação estão a pressão para adesão ao plano de demissão voluntária, ameaça de demissão motivada com alegação da crise, ameaça de privatização, corte de investimentos, falta de concurso público, além de mudanças no plano de saúde e suspensão das férias para os trabalhadores.
O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Mato Grosso do Sul (Sintect-MS) estima que a greve atingiu pelo menos 25 dos municípios no Estado. Em Dourados os trabalhadores se concentraram em frente à agência central, no centro da cidade. Adriano Teles, vice-presidente do Sintect-MS diz que no município 40% dos serviços estão sendo realizados, tanto no Centro de Distribuição de Correspondências (CDD) como na agência central, de atendimento ao público.
A decisão pela greve ocorreu durante assembleia na noite de anteontem em Campo Grande. Segundo Adriano, a categoria mantém negociações com a empresa desde a primeira semana de agosto, sem sucesso. A data base dos servidores é julho e não houve reposição salarial. "Nada foi apresentado até agora. Pelo contrário, o que a empresa quer é retirar direito dos trabalhadores", critica o sindicalista.
Os Correios enfrentam crise econômica há alguns anos e medidas para reduzir gastos e melhorar a lucratividade da estatal estão em pauta. Nos últimos dois anos, a empresa apresentou prejuízos que chegam a R$ 4 bilhões. Desse total, 65% correspondem a despesas de pessoal. Em 2016, os Correios anunciaram um Programa de Demissão Incentivada (PDI) e pretendia atingir a meta de 8 mil servidores, mas apenas 5,5 mil aderiram ao programa.
Atrasos
Em Dourados são entregues em média 33 mil correspondências por dia. Os Correios têm cerca de 100 funcionários na cidade, dos quais 78 são carteiros. Adriano Teles diz que a carência no efetivo de profissionais tem prejudicado a prestação de serviço, principalmente no Centro de Distribuição de cartas. "E não se fala em concurso público", explicou.
Para atender o volume de correspondências, seria necessário, conforme o representante da categoria, pelo menos mais 10 a 15 carteiros. Tem sido comum, nos últimos anos, correspondências chegarem com atraso nas residências, a exemplos de boletos de pagamento. Para suprir esse problema, a empresa contratava profissionais por meio de empresa terceirizada, mas isso não ocorre há muito tempo.
As agências franqueadas não participam da greve. A paralisação envolve os trabalhadores dos sindicatos de Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Brasília (DF), Campinas (SP), Ceará, Espírito Santo, Goiás, Juiz de Fora (MG), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Ribeirão Preto (SP), Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Maria (RS), Santos (SP), São José do Rio Preto (SP), Sergipe, Santa Catarina, Uberaba (MG) e Vale do Paraíba (SP). Dos 31 sindicatos ligados à Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), somente três ainda não realizaram assembleia: Acre, Rondônia e Roraima.
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