DOURADOS

Índios prometem manter MS-156 fechada até quarta-feira

Índios da Reserva Indígena de Dourados que bloquearam a MS-156 na manhã desta segunda-feira (25), prometem continuar fechando a rodovia durante o dia até quarta-feira (27). É o prazo até o qual esperam respostas da Sesai (Secretaria Especial e Saúde Indígena) e da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) para o problema de falta de água nas aldeias.

Numa reunião há um mês, a Funasa teria se comprometido com a comunidade indígena de enviar no prazo de 15 dias o maquinário para perfuração de poços na Reserva. No entanto, estes não teriam sido encaminhados para iniciar as atividades.

A falta de água que antes afetava apenas uma parte da aldeia Bororó, há pelo menos sete meses tem se espalhado por toda a Reserva. Segundo Silvio de Leão, líder da aldeia Jaguapiru, além dos demais equipamentos já estavam danificados, uma bomba que ainda funcionava quebrou.

Com isso, há apenas duas bombas: uma para atender a aldeia Jaguapiru e outra para a aldeia Bororó. As duas aldeias compreendem uma população de pelo menos 13 mil habitantes. "Tem lugar que não sai nada de água da torneira. Tem lugar que sai, mas só uns poucos minutos durante o dia", explica o Leão.

O capitão da aldeia Bororó, Galdêncio Benites, relata que a situação que já era complicada está ainda pior. "Nós estamos esperando há anos a solução para esse problema, só piorou e se a gente não fizer isso a tendência é piorar ainda mais. Nós queremos uma resposta, porque hoje não temos água potável na aldeia. Estamos com nossas crianças doentes por causa disso", afirmou.

Segundo as lideranças, o único paliativo é o envio de caminhões pipa para a aldeia. Um caminhão segue duas vezes por semana ao local, com 7,5 mil litros a cada vez. Isso significa 15 mil litros semanais para abastecer uma caixa d’água de 200 mil litros. "A água não faz nem pressão, então mesmo vindo não chega quase nada quando chega", conta Leão.

O Protesto

O bloqueio começou por volta das 9h desta segunda-feira. Após reunião, eles decidiram bloquear o local até que venha uma resposta sobre a questão da água. Eles também reivindicam mais acesso à saúde, como o caso da falta de medicamentos para a comunidade.

Até a publicação dessa reportagem, estavam fechados os dois lados da pista da MS-156. Carros ‘voltavam’ pela contramão para poder fugir do bloqueio, mas caminhões fizeram fila. Muitos veículos como carros e motocicletas, ainda seguiram pelas vias às margens da rodovia, por onde só deveriam passar bicicletas e carroças.

Os índios ainda atearam fogo em um pneu, para sinalizar onde havia protesto e bloquei foi feito com pedaços de tronco e galhos. Também teve reza indígena para que as reivindicações deles sejam atendidas.

Não há previsão de que a rodovia seja liberada antes do final da tarde, segundo as lideranças. A noite não há bloqueio, que volta a ser feito nesta terça-feira no período da manhã.

A PMRE (Polícia Militar Rodoviária Estadual) está no trevo da MS-156 que dá acesso ao centro de Dourados e à Perimetral Norte para orientar o trânsito e repassar aos motoristas a informação do bloqueio e rotas alternativas. O trânsito no local está bastante lento e há vários caminhões estacionados às margens da pista.

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