Com permissão para funcionamento de lojas de até 800 metros quadrados, começa no dia 25 a segunda etapa da “quarentena inteligente” adotada pelo governo paraguaio para reabertura da economia após três meses de fechamento por causa da pandemia do novo coronavírus.
O país que tem 500 quilômetros de fronteira com Mato Grosso do Sul saiu na frente com medidas de isolamento e se tornou referência na América do Sul no controle da doença. O Paraguai tem 829 casos confirmados de covid-19 e 11 mortes provocadas pela doença. Apenas cinco infectados estão hospitalizados no país inteiro.
Nesta terça-feira (19), o vice-ministro da Saúde do Paraguai Juan Carlos Portillo disse que o governo estuda antecipar de junho para maio a terceira etapa da reabertura e permitir o funcionamento, já no dia 25, de shoppings acima de 800 metros quadrados. Se a antecipação ocorrer de fato, os centros de compras deverão manter praças de alimentação e áreas de jogo fechadas. Também fica proibido provar roupas nas lojas.
Entretanto, a medida em estudo pelo governo paraguaio não deve beneficiar os grandes comerciantes de Pedro Juan Caballero, cidade vizinha de Ponta Porã (MS), a 323 km de Campo Grande. Na cidade, cinco mil lojas estão ameaçadas de falência e 40 mil pessoas correm risco de ficar sem emprego devido aos efeitos da pandemia.
Ao Campo Grande News, o presidente da Câmara de Comércio local, Victor Barreto, disse que Shopping China, Studio Center e Planet Outlet – maiores lojas de importados de Pedro Juan Caballero – devem continuar fechados até o final da pandemia.
O motivo é simples: não teria para quem vender. Essas lojas têm nos turistas brasileiros 99% de seus clientes. Além da fronteira fechada que impede a entrada dos turistas do país vizinho, o dólar na casa dos R$ 6 no Brasil inviabiliza as vendas de importados.
“Não temos nada oficial, mas eles [os três grandes shoppings] vão esperar porque não compensa abrir agora por causa do dólar alto e da fronteira fechada”, afirmou Barreto. Nesta semana, o presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez disse que as fronteiras serão reabertas na última fase da quarentena inteligente, sem previsão de data.
Para Victor Barreto, a medida em estudo pelo governo paraguaio deve surtir efeito apenas na capital Asunción, onde a população local é maior e garante o faturamento dos shoppings. “Com a fronteira fechada e dólar muito alto, não vai compensar abrir. Na capital, a população tem economia mais estável, há muitos funcionários públicos, que continuam recebendo normalmente e têm dinheiro para gastar”, afirmou o dirigente.
Segundo Barreto, as demais lojas, incluindo galerias do centro de Pedro Juan Caballero, devem retomar o funcionamento na segunda-feira, com esperança de vender para os moradores locais e ganhar dinheiro para cobrir parte das despesas fixas. “Mesmo com movimento limitado, a maioria deve abrir, tomando todos os cuidados para evitar contágio”, afirmou Victor Barreto.
Ele também vai reabrir sua loja de importados na segunda-feira. Até o final desta semana, apenas lojas do setor de alimentos, alguns prestadores de serviço e farmácias continuam funcionando em Pedro Juan Caballero.
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