O presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Saúde de Mato Grosso do Sul, deputado estadual Amarildo Cruz (PT), afirmou em entrevista ao Dourados News, que hoje um dos principais problemas da saúde no Estado é a má administração do dinheiro público.
“O que podemos adiantar independente de relatório ou do término da investigação da CPI, é que aquilo que se dizia sobre a falta de verba, foi desmistificado e uma das causas que já conseguimos descobrir, é que além da falta de recursos, falta de estrutura e médicos, a má gestão do dinheiro público é o que tem causado a falta de qualidade do serviço” afirmou o presidente.
O parlamentar veio à Dourados para a primeira oitiva fora da capital, onde ouviu secretário e ex-secretários do município nos últimos anos. O evento foi realizado na Câmara de Vereadores.
Para o atual titular da pasta, Sebastião Nogueira, o principal problema de Dourados é o subfinanciamento, pois além dos habitantes locais, a cidade atende mais 33 municípios da região e os recursos repassados, que estão na casa dos R$ 13 milhões/mês são insuficientes para atender a demanda.
“O problema maior é que os pacientes dos municípios da região são atendidos aqui e o repasse é pouco, então falta equipamentos e estrutura para a realização de cirurgias simples como a catarata, pois a maioria dos equipamentos e máquinas são cedidos pelos próprios médicos que atendem a rede pública”, disse o secretário.
Questionado sobre os problemas do Hospital da Vida, Nogueira disse que a unidade possui uma pendência na Justiça, que já se arrasta há anos, e por isso os repasses do Governo Federal através do Ministério da Saúde, acabam bloqueados.
“O HV é um hospital precário, com infraestrutura velha, é pequeno e a quantidade de leitos é insuficiente para a demanda de pacientes, pois isso há necessidade de uma elaboração e um apelo público para que se melhore o serviço prestado” finalizou.
Outra que foi ouvida pela comissão foi a ex-secretária Silvia Bosso. Questionada sobre a época em que ficou à frente da saúde, disse praticamente as mesmas palavras de Nogueira.
Durante a oitiva, alguns populares se fizeram presente, com faixas e cartazes.
“Fiz questão de presenciar o andamento desta CPI, para ver se ela não vai acabar em pizza, pois a situação da saúde é grave. Onde se viu um hospital não ter lençol, não ter leito, atender em cadeiras, ou dispensar o paciente, porque não dá para interná-lo?” disse Teresa Batista Gonçalves de 48 anos.
O presidente da comissão, o deputado Amarildo Cruz informou que poderá haver novos questionamentos no município, mas não deu mais detalhes.
CPI da Saúde
A CPI da saúde, chegou a Dourados para ouvir os gestores de saúde que atuaram no município desde 2007, e avaliar as denúncias recebidas, que estão ligadas a demora de atendimento nos hospitais públicos, na marcação de exames, falta de remédios em postos de saúde, falta de leitos de UTI, além da superlotação e falta de infraestrutura no Hospital da Vida, unidade referência em trauma para os municípios da região.
Além de Sebastião Nogueira, ex-secretários de Saúde foram convidados para a oitiva da CPI, entre eles Silvia Bosso (gestão 2011/2012) e João Paulo Barcelos Esteves (2007/2009). Também foram convocados os presidentes do Conselho Municipal de Saúde, Berenice de Oliveira Souza (gestão atual), Demetrius Dolago Pareja (2011/2013), João Alves de Souza (2009/2011) e Wilson Cesar Medeiros Alves (gestão 2007/2009).
Segundo a assessoria da prefeitura, só em Dourados são em torno de 300 mil cópias de documentos desde a gestão de Laerte Tetila, Ari Artuzi, do juiz Eduardo Machado Rocha, Délia Razuk e Murilo Zauith.
CIDADES
A CPI da Saúde está investigando possíveis irregularidades nos repasses do SUS para unidades hospitalares da Capital, Corumbá, Paranaíba, Dourados, Três Lagoas, Jardim, Coxim, Aquidauana, Nova Andradina, Ponta Porã e Naviraí. As investigações serão realizadas durante 120 dias, podendo ser prorrogadas.
Comentários