O Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) suspendeu a exportação de carne produzida em uma das plantas da JBS instalada em Campo Grande para os Estados Unidos. De acordo com nota emitida pelo ministério, documento recebido pela FSIS (Food Safety and Inspection Service), órgão americano de inspeção sanitária, relata inconformidades em reinspeções realizadas no frigorífico. A suspensão acontece em meio à crise instalada no Brasil depois de delação feita à PGR (Procuradoria-Geral da República) pelos executivos do grupo JBS.
Ainda de acordo com o comunicado do Mapa, o documento questiona providências da empresa quanto às inconformidades, que não foram detalhadas. Com isso, o Mapa preventivamente suspendeu a certificação sanitária do frigorífico para os EUA. A suspensão vai permanecer até que adote medidas corretivas.
Além da unidade 2 da JBS em Campo Grande, outros 4 frigoríficos tiveram a exportação suspensa para os Estados Unidos. São eles: Marfrig, de São Gabriel, no Rio Grande do Sul; Minerva, de Palmeiras de Goiás, em Goiás; Marfrig, de Promissão, em São Paulo e Marfrig de Paranatinga, no Mato Grosso.
O que diz a JBS
Em nota emitida pela JBS, a suspensão provisória das exportações foi confirmada e informa que a empresa já tomou providências e encaminhou esclarecimentos. A JBS informa que não houve problemas com relação às instalações do frigorífico ou na qualidade dos produtos, porém não especificou quais inconformidades foram encontradas.
Leia a nota na íntegra:
"A JBS confirma que, em função da necessidade de verificações técnicas, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento suspendeu provisoriamente apenas uma planta da JBS em Campo Grande - MS (SIF 4400), dentre as cinco suspensas pelo MAPA. A Companhia informa que já encaminhou os esclarecimentos solicitados via ABIEC (Associação Brasileira da Indústrias Exportadoras de Carnes) e ressalta que não foram encontrados problemas relativos às instalações da planta ou de qualidade do produto".
Delação e crise
A decisão de suspender a exportação de carne brasileira acontece em meio à crise instalada no Brasil desde o mês passado, quando veio à nota delação premiada feita pelos executivos da empresa à PGR e homologada pelo STF. Na delação, os empresários revelam esquema existente no governo brasileiro de cobrança de propina em troca de concessão de benefícios fiscais.
Um dos capítulos da delação de Wesley se refere unicamente a Mato Grosso do Sul. No depoimento, prestado em 4 de maio de 2017 aos membros da Procuradoria-Geral da República Fernando Antonio Oliveira e Sergio Bruno Fernandes, Wesley revelou que funcionaria no Estado um esquema de pagamento de propina em troca de redução da alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
O sistema de distribuição de propinas funcionaria desde o governo de Zeca do PT, passando pela gestão de André Puccinelli (PMDB) e mais ativo ainda na administração de Reinaldo. Os delatores afirmam que o governador recebeu R$ 38 milhões em propina e em troca teria garantido benefícios fiscais às empresas do grupo. O uso de notas frias seria o principal meio, segundo os empresários, do dinheiro ser "esquentado" no esquema. (Colaborou Aliny Mary Dias)
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