A retirada da disciplina de Literatura da grade escolar vem causando movimentos de repúdio junto a diferentes setores em Mato Grosso do Sul. A Academia Douradense de Letras emitiu nota de repúdio contra o Governo do Estado que aprovou a medida.
Professores da rede estadual protestam contra a medida e criaram um abaixo-assinado eletrônico através do endereço www.abaixoassinado.org/abaixoassinados na tentativa de se reverter a decisão da Secretaria Estadual de Educação de MS. Também está sendo divulgado nas redes sociais, em protesto contra a medida, a hashtag #PorUmMSLiterário.
O documento tem como título "repúdio à extinção da literatura nas escolas" e começa com uma frase de Johann Wolfgang von Goethe. "O declínio da literatura indica o declínio de uma nação".
Conforme publicação do Diário Oficial do Estado do dia 30 de janeiro, que traz a reestruturação da área de linguagens, agora, ela será incorporada à Língua Portuguesa. Assim, não será mais disciplina com ementa própria.
Segundo a escritora, professora e advogada Odila Lange a mudança no ensino pode gerar um retrocesso tanto na educação quanto na economia de MS.
Odila afirma que tanto aluno quanto professor sofrerá com a mudança. "Com a ausência da disciplina, estamos com uma geração fadada ao analfabetismo funcional que é a incapacidade de compreender e interpretar textos apesar de saber ler e escrever", diz Odila.
Ela ressalta que a leitura contribui também para reflexão e compreensão de assuntos recorrentes em todos os âmbitos sociais e a medida afeta também, diretamente, a vida profissional dos educadores, pois com a adaptação da disciplina, profissionais que exercer a literatura podem sofrer demissões ou reajustes para áreas onde não foram especializados para atuar.
Odila Lange disse que não houve nenhum consentimento por parte dos sindicatos e nem da Academia Douradense de Letra para a execução da proposta.
Por conta disso, a Academia Douradense de Letras (ADL) emitiu a nota na tarde de ontem onde o documento ressalta, "Repudiamos com veemência tal ato público estadual, com todos os motivos contrários ao desprestigio da arte e da literatura e do seu ensino regulamentado na Educação Básica em Mato Grosso do Sul. Não podemos coadunar com uma forma anônima de desconstruir o lugar de direito da Literatura no panteão do conhecimento humano e na formação com valor e cidadania que lhe é próprio".
A escritora tem mais de nove obras editadas e diversos outros trabalhos e afirma que até mesmo gráficas que editam as literaturas podem sofrer com essas mudanças, pois segundo ela, se não há procura não há porque se publicar. A escritora conclui dizendo que um país sem literatura perde a sua maior riqueza, a cultura, a história.
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