Um força-tarefa foi montada na tarde desta quinta-feira (6) pelas autoridades de saúde em Campo Grande, em razão do vazamento de amônia ocorrido na unidade 2 do frigorífico JBS, na saída para Sidrolândia. Até o fechamento deste texto, 78 funcionários da empresa haviam sido atendidos com sintomas e 43 foram levados para unidades da rede pública, mas a conta das vítimas pode chegar a uma centena, de acordo com o coordenador de Urgências da Prefeitura, Yama Higa.
Segundo ele, logo que chegou a informação do acidente, e de que haviam mais de 400 pessoas trabalhando no local, foi acionado o chamado protocolo de múltiplas vítimas. Esse esquema definiu o envio de três equipes do Samu (Serviço Móvel de Atendimento de Urgência) ao frigorífico, para fazer a triagem das pessoas atingidas pelo agente químico, e organizou os locais para onde elas seriam enviadas.
Os bombeiros também mandaram 6 equipes, para que fosse feito o trabalho de transporte, com apoio de mais duas viaturas do Samu. No local, via-se funcionários com panos na boca e o cheiro era bastante forte.
Pelo protocolo definido, as vítimas menos graves iriram para postos de saúde municipais, as de gravidade médio para a área amarela do Hospital Regional e as mais graves para a Santa Casa de Campo Grande.
Higa informou que, até agora, foram 8 pessoas para o CRS(Centro Regional de Saúde) da Cophavila 2, 4 para o do Aero Rancho, 3 para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Universitário, outras 3 pra UPA Leblon, e 7 para o HR.
Como a triagem continua, o coordenador acredita que o número de vítimas pode ser bem superior. Segundo, além disso, os sintomas provocados pelo gás inalados podem surgir bastante tempo depois. "A orientação que demos é que as pessoas procurem as unidades de saúde próximas de casa", afirma.
Segundo ele, apenas casos graves devem ser encaminhados para hospitais, para não sobrecarregar as unidades sem necessidade.
A amônia, na forma usada pelo frigorífico, afeta o sistema respiratório quando inalada. A pessoa sente falta de ar, a garganta fica como se tivesse "trancada". Por isso, é importante procurar um médico se os sintomas aparecerem, para evitar que o quadro se agravem.
**O que a JBS disse?
A empresa informou, por meio de nota,que as atividades na unidade serão suspensas até que os bombeiros autorizem. Ainda de acordo com a JBS, o vazamento foi controlado e agora será investigado.
De acordo com a empresa, o problema foi "rapidamente controlado". "Por precaução, a unidade foi imediatamente evacuada. Alguns colaboradores foram encaminhados aos postos de saúde locais e todos estão fora de risco", prossegue a nota.
Em 2012, quatro trabalhadores morreram depois de um vazamento do tipo, em outra unidade da JBS, em Bataguasu. A empresa foi processada pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) e teve de pagar multas milionárias.
A empresa reduziu recententemente o abate de bois em suas unidades no Estado, em razão do envolvimento na Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que colocou em xeque a qualidade da carne produzida no Brasil.
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