DOURADOS

Perícia judicial aponta 182 vagas puras sem professores efetivos em Dourados

Laudo pericial foi anexado ao processo movido pelo MPE com denúncias de irregularidades nas contratações temporárias feitas pela prefeitura

Perícia judicial encontrou número de vagas puras destinadas a educadores concursados em Dourados (Foto: A. Frota) Perícia judicial encontrou número de vagas puras destinadas a educadores concursados em Dourados (Foto: A. Frota)

A Justiça já tem em mãos o resultado da perícia determinada para descobrir o número de vagas puras – destinadas exclusivamente a educadores concursados – na rede municipal de ensino de Dourados. Após dois meses trabalho, a perita Serrame Borges Alia apurou que 182 delas estão sem docentes efetivos, 65 em escolas e 117 nos Ceim’s, os Centros de Educação Infantil do Município. 

Enviado segunda-feira (10) ao juiz José Domingues Filho, titular da 6ª Vara Cível da comarca, o laudo pericial integra a Ação Civil Pública número 0809414-80.2017.8.12.0002, por meio da qual o MPE-MS (Ministério Público Estadual) denunciou irregularidades nas contratações de professores temporários pela Prefeitura de Dourados. Os entraves entre Justiça e administração municipal chegaram a provocar falta de professores em sala de aula e consequente dispensa de alunos das unidades educacionais.

OPERAÇÃO VOLTA ÀS AULAS

No decorrer do processo, o magistrado chegou a intimar todos diretores e coordenadores de escolas e centros de educação infantil do município a apresentarem documentações relacionadas à investigação. Antes disso, no dia 5 de fevereiro, a Justiça emitiu mandados de busca e apreensão, cumpridos pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) nas dependências das secretarias municipais de Educação e de Administração.

Denominada “Operação Volta às Aulas”, essa ação policial resultou num documento já endereçado à 6ª Vara Cível da comarca para integrar o processo e ser analisado pela perita judicial. Conforme revelado com exclusividade pela 94FM no dia 10 de outubro, o relatório final de análise dos materiais apreendidos, assinado pelo promotor de Justiça Etéocles Brito Mendonça Dias Júnior, questiona se as vagas de professores temporários “preenchidas a título precário estariam predestinadas a satisfazer interesses outros que não o interesse público”. (clique aqui para ler mais)

 

Gaeco chegou a apreender documentos na Secretaria de Educação no decorrer do processo (Foto: Eliel Oliveira/Arquivo)

 

 

 

PERÍCIA JUDICIAL

Agora, na mais recente movimentação processual, o juiz intimou o Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Dourados), parte no processo, para manifestar-se sobre o relatório entregue pelo MPE e a respeito do laudo pericial que a 94FM acessou com exclusividade.

Segundo a perita, educadora de ensino superior especializada em gestão de desenvolvimento organizacional, recursos humanos e psicologia e organização para o trabalho, o laudo pericial “foi elaborado com base no cruzamento de dados diversos obtidos através Sistema on-line e-cidade, Portal da Transparência, e documentos cedidos pela secretaria municipal de educação, além dos que foram repassados pelas escolas; como mapa de lotações, folha ponto, quadro de horários, folha de pagamento, contratos de docentes e entrevistas realizadas com diretoras, secretárias escolares e docentes”.

VAGAS PURAS

De acordo com o documento, o total de vagas puras identificados sem docente efetivo foram 182 (cento e oitenta e dois) sendo 65(sessenta e cinco) em Escolas e CEIM’s e 117(cento e dezessete) em Escolas Indígenas. “Constatou-se também que existe 123 (cento e vinte três) vagas ocupadas por docentes contratados em substituição aos professores readaptados, destes 91 (noventa e uma) estão readaptados por mais de 2 anos”, detalha a especialista.

Ela acrescenta que na folha de pagamentos referente ao mês de outubro de 2018 constam 2.991 Profissionais, sendo estes 1.830 estatutários; 1.003 convocados (Contratados em substituição a licença médica, licença TIP, licença Maternidade, Apoio Educacional, Readaptados, etc.) e 158 Exonerados.

REGISTRO DO PONTO

Ao finalizar o laudo, a perita faz observações sobre o que encontrou nas visitas feitas a escolas e Ceim’s entre os dias 16 de outubro e 1º de novembro. “Quadro de horário - Informações incorretas (Em algumas escolas o registro de professor no quadro não está com de acordo como o professor que está na sala - Ex: Professor consta no quadro, pois é a sua vaga de concurso, mas no momento responde como diretor)”.

Ela acrescenta sobre o Registro de ponto. “Não é assinado regularmente, em várias escolas foi observado ponto sem assinatura diária dos docentes (Em algumas escolas foi relatado que a impressão do ponto só é feita na última semana do mês e os professores assinam nos últimos dias)”.

E quanto ao acompanhamento de contratos, pontuou que “só diante de consulta ao sistema online [porque] nenhuma escola apresentou planilha ou registro de acompanhamento”.

 

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