A provável omissão da Equipe de Oncologia, que esteve à frente do tratamento de pacientes com câncer do Hospital Evangélico entre 2014 e 2016 custou caro ao município: Dourados foi excluída em definitivo do Plano de Expansão da Radioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS). Em ofício do Ministério da Saúde, Sandro José Martins, coordenador-geral da Secretaria de Atenção à Saúde do Departamento de Atenção Especializada e Temática de Atenção Especializada, informa que o Hospital Evangélico foi excluído do Plano de Expansão da Radioterapia porque a atuação "errática do hospital poderia comprometer no longo prazo a assistência oncológica em Dourados e região". Na época o serviço era prestado no Centro de Tratamento ao Câncer de Dourados, mais conhecido como Hospital do Câncer.
A exclusão de Dourados do Plano de Expansão da Radioterapia foi aprovada pelo Comitê Gestor, órgão ligado ao Sistema Único de Saúde. Ainda no início de 2016, uma equipe técnica do Ministério da Saúde vistoriou os serviços de oncologia do Hospital Evangélico e constatou que a unidade não estava atendendo as exigências do SUS para ampliação da radioterapia.
Com isso, o município deixará de receber cerca de R$ 5 milhões em investimentos, que é o custo estimado do acelerador linear, um equipamento de alta complexidade tecnológica fabricado pela Varian Medical Systems e que são fundamentais para o tratamento de pacientes com câncer. O custo incluí ainda a construção do bunker com características peculiares e distintas das construções tradicionais de estabelecimentos e unidades de saúde, uma vez que envolve, por exemplo, sistemas de climatização específicos, refrigeração da água, sistema elétrico diferenciado e maior espessura das paredes.
O Hospital Evangélico de Dourados foi incluído no programa em 2013, depois que o Ministério da Saúde, através da Portaria nº 931 de 10 de maio de 2012 instituiu o Plano de Expansão da Radioterapia no SUS, com o objetivo de articular projetos de ampliação e qualificação de hospitais habilitados em oncologia, em consonância com os vazios assistenciais, as demandas regionais de assistência oncológica e as demandas tecnológicas do SUS.
Com a criação do Plano de Expansão da Radioterapia, o Ministério da Saúde realizou a maior compra pública mundial de aceleradores lineares, num total de 80 soluções, sendo 39 projetos de ampliação e 41 novos projetos de criação de serviço de radioterapia. A vencedora do pregão foi a empresa norte-americana Varian Medical Systems, fabricante mundial de dispositivos médicos, e de software de tratamento de câncer. Com a exclusão do Hospital Evangélico do Plano de Expansão da Radioterapia, os maiores prejudicados são os pacientes com câncer. O acelerador linear que o município perdeu é fundamental para o tratamento de pacientes e tem capacidade para realizar 43 mil sessões de radioterapia por ano.
O mesmo acelerador linear acabou de ser entregue ao Hospital de Câncer Alfredo Abraão, de Campo Grande e deverá ser colocado em operação em 90 dias. Para o diretor-presidente do HC, Carlos Alberto Coimbra, a conquista do novo aparelho aumenta a oferta de serviços em radioterapia para a população. "Estamos felizes com a chegada deste aparelho com o apoio do governo do Estado e cabe a nós agora colocar este aparelho em funcionamento o mais rápido possível. Já tivemos a confirmação por parte do governo do estado o repasse de R$ 1,5 milhão que custeará as obras do bunker e a compra de acessórios", ressaltou.
A exemplo do Hospital Evangélico de Dourados, o Hospital de Câncer Alfredo Abraão, de Campo Grande, também foi incluído no Plano de Expansão da Radioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS). A diferença é que a unidade da capital cumpriu todas as exigências do Ministério da Saúde e agora a população será atendida com o que existe de mais moderno no tratamento de câncer, enquanto Dourados fragiliza todo seu serviço de oncologia.
Outro lado
O diretor técnico do Hospital Evangélico, Antônio Humberto Guimarães Moreira, confirmou ao o PROGRESSO a decisão do Ministério da Saúde de excluir Dourados do Plano de Expansão da Radioterapia do SUS. Para ele a então equipe de radioterapia, representada pelo Centro de Tratamento de Câncer de Dourados [Hospital do Câncer] não correspondeu às expectativas dos esforços feitos pelo HE e pelo deputado federal Geraldo Resende na tentativa de trazer o aparelho para Dourados.
"Não foi o HE quem deixou de cumprir, mas sim a equipe de radioterapia que atuava lá [no CTCD]. Tanto é verdade que quando nós (HE) fomos chamados em Junho para assumir o serviço, nós trocamos a equipe. Mas o Hospital Evangélico sempre quis esse aparelho, tanto que nós estávamos nesse plano de expansão e na frente de muitos hospitais para receber. Infelizmente como a equipe anterior não cumpria determinadas normas, deixaremos de receber o aparelho, que teria uma função muito importante em Dourados tendo em vista que atualmente o equipamento disponível aos pacientes se encontra superado e obsoleto", destaca. O diretor médico e técnico do Hospital Evangélico disse que vai buscar reaver o aparelho. "Vamos buscar junto com os nossos representantes uma alternativa para incluir Dourados novamente no Plano de Expansão", destacou.
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