Alunos da Rede Municipal de Ensino (Reme) tiveram as férias escolares de julho antecipadas pela Secretaria Municipal de Educação (Semed). A decisão foi justificada pela necessidade de continuidade do isolamento social em decorrência da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Com a medida, pouco mais de 2.500 professores temporários vão ter contratos suspensos a partir de 6 de maio e, com isso, não vão receber neste período.
Segundo as informações, o recesso terá início no dia 7 de maio e seguirá até o dia 21. As recontratações vão ocorrer com a volta das aulas, independentemente de retorno em regime presencial ou a distância.
Durante as férias, os profissionais temporários não recebem salário. Esse fato já era acordado antes da antecipação, mas a nova medida pode pegar de surpresa e mexer com o planejamento orçamentário de quem estava esperando ficar sem receber somente em julho.
As aulas da Rede Municipal estão sendo dadas em regime de educação on-line desde o dia 18 de março. As atividades na Reme seriam retomadas no dia 7 de maio, caso não houvesse a antecipação das férias.
Vanderluci da Silva Bento, mãe de uma aluna da Escola Municipal Luís Antônio Carvalho de Sá, disse que se preocupa com o desenvolvimento educacional da filha. Mesmo com as atividades on-line, ela acha que não é o suficiente.
“Cuidado é necessário, isolamento também, mas precisava rever outra estratégia para a questão do ensino. Na escola da minha filha, todos os professores criaram um grupo para tirar as dúvidas, eles são muitos prestativos, mas eu acho que a aula presencial é fundamental para o crescimento educacional da criança. Sem falar na questão financeira dos nossos educadores que vivem dessa renda, existem muitas questões delicada para se repensar”.
Já Lidiane Cristina Rodrigues Antunes, cujo filho frequenta a Rede Municipal de Ensino, defende que teria medo de que o filho frequentasse as aulas presenciais, caso elas voltassem. Na casa dela, toda a família está cumprindo a quarentena. “Prefiro que meu filho fique em casa mesmo, porque aqui ele vai ter um cuidado a mais do que se ele fosse para a escola”, destacou.
DOIS LADOS
Segundo o presidente do Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública (ACP), Lucílio Nobre, a decisão tem lados positivos e negativos, mas a situação é maior e foge de controle.
“O lado positivo é que a gente contribui com a preservação da saúde dos alunos e ajuda a achatar a curva dos casos da doença aqui no Estado. O lado negativo é que a educação exige todo um planejamento orçamentário, do conteúdo, dos professores e até dos pais dos alunos, e isso bagunça o que estava previsto”.
“Na minha opinião, foi bom porque, se em maio continuasse a quarentena, e é certo que continuaria, nós voltaríamos em junho e em julho já seriam as férias, teríamos que parar de novo. Essas paradas são muito ruins para conseguirmos passar todos os conteúdos programados. Não conseguimos dar sequência”, relata a professora efetiva da Escola Agrícola Arnaldo Estevão de Figueiredo, Cristina de Assis Rodrigues.
Relatório divulgado no início do mês pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta aponta que o pico da pandemia deve ocorrer entre abril e maio, além disso, o vírus pode circular no Brasil até setembro. Para diminuir a incidência do coronavírus com o mínimo possível de impacto econômico, o isolamento social é a medida mais recomendada.
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