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Produtores de mandioca de MS protestam por melhoria do preço

Produtores de mandioca da região de Ivinhema, a 282 quilômetros de Campo Grande, iniciaram nesta segunda-feira (30) uma manifestação no trevo de acesso ao município, no entroncamento das rodovias MS-141 e BR-376. O movimento, que prossegue nesta terça-feira (31), reivindica principalmente que as fecularias aumentem o preço mínimo da grama de fécula de R$ 0,28 para R$ 0,55. O valor atualmente, conforme os agricultores, não cobre os custos de produção e ameaça a viabilidade e o futuro da cultura no local, que é polo da atividade em Mato Grosso do Sul.

Segundo José Corte Real, que é secretário de Agricultura e Desenvolvimento de Ivinhema e produtor de mandioca no município, a manifestação é pacífica e tem o objetivo de conscientizar os produtores que estão entregando matéria-prima as indústrias de que se a situação persistir eles não vão conseguir se manter na atividade. “Esse é um quadro que já vem desde o ano passado. Na crise, muitos já renegociaram as dívidas com os bancos, mas não vão aguentar mais um ano nessa situação. Vão deixar de plantar mandioca e mudar para outras culturas”, adverte.

Para demonstrar a gravidade da situação dos produtores de mandioca da região, Real detalha o que os agricultores têm de custos e de remuneração atualmente. Ele explica que com as indústrias pagando R$ 0,28 por grama de fécula, os mandiocultores têm uma remuneração média por tonelada de matéria-prima de R$ 140. Desse valor, R$ 90 representam somente os custos de manejo e colheita da cultura, que tem um ciclo de aproximadamente dois anos. Do que sobra, R$ 50, eles teriam de tirar os recursos para pagar os financiamentos bancários para o cultivo e tirar a própria remuneração.

“Os bancos financiam aproximadamente R$ 8,3 mil por alqueire [o equivalente a 2,4 hectares] cultivado com mandioca. Em média, a produção por alqueire é de 60 toneladas. Multiplicando esse volume de produção pelo valor que sobra da remuneração da indústria, os R$ 50 por tonelada, temos R$ 3 mil. Aí você tem um financiamento de R$ 8,3 mil por alqueire para pagar e uma remuneração de R$ 3 mil, fica faltando R$ 5,3 mil nessa conta, que não fecha. Esse é o tamanho do prejuízo que estamos tendo atualmente”, detalha.

O produtor e secretário de Agricultura de Ivinhema diz que o aumento reivindicado no valor da grama da fécula não vai garantir maior lucratividade para os mandiocultores da região, apenas vai assegurar um mais equilibrio entre o custo de produção e a remuneração da atividade. “Sabemos que as indústrias também estão em um momento complicado, por isso, o pedido de aumento não é absurdo, visa apenas garantir que o produtor tenha condição de se manter na atividade, de modo que ele ganhe um fôlego”, comenta.

Além de discutir com a indústria um aumento no valor da matéria-prima, Real revela que a pauta dos produtores também tem alguns itens que dependem da iniciativa do poder público, em especial do governo federal. “Reivindicamos também que a Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] aumento o preço e retome as compras de farinha de mandioca e ainda que se implemente um projeto que visa a inclusão de 5% de amido de mandioca na farinha de trigo. Com essas medidas se aumentaria a demanda por mandioca e a remuneração paga ao produtor e as indústrias do setor”, avalia.

Real revela que além de Ivinhema, onde 250 produtores cultivam cerca de 4 mil hectares, 10% dos 40 mil hectares plantados com a cultura em Mato Grosso do Sul, mandiocultores de municípios próximos também estão se mobilizando para protestar contra a situação. “Estamos em contato com produtores de Deodápolis, Glória de Dourados, Novo Horizonte do Sul, Naviraí, Nova Andradina, Ponta Porã e Itaquiraí. Na quinta-feira (2) deveremos ter uma reunião, da comissão formada com representantes destes produtores, com as fecularias para discutir nosso pedido de aumento”, concluiu.

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