A Associação Beneficente de Campo Grande (ABCG), entidade mantenedora da Santa Casa da Capital, confirmou durante a última semana a intenção da diretoria em fechar a ala da psiquiatria da unidade hospitalar, dotada de 40 leitos e que pode resultar também na suspensão do atendimento ambulatorial a cerca de 6 mil pacientes, alegando déficit de recursos financeiros por parte do Sistema Único de Saúde (SUS), de gestão plena pelo município.
O anúncio resultou em protestos de médicos, residentes, funcionários da ala psiquiátrica do hospital e da sociedade, que buscaram apoio na Assembleia Legislativa e o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) para evitar a suspensão do serviço na Santa Casa.
O presidente da ABCG, Esacheu Nascimento, confirmou a intenção da diretoria em fechar a ala psiquiátrica da Santa Casa para otimizar os recursos financeiros da entidade, que dispõe de 40 leitos, porém, alega que a Prefeitura da Capital, que gerencia a gestão plena do SUS, contrata somente 10 leitos. "Estamos trabalhando para otimizar a gestão do hospital", afirma Esacheu.
Ele também confirmou que está buscando parcerias para comprar seis leitos do Hospital Psiquiátrico Nosso Lar para atender os pacientes da Santa Casa O Nosso Lar também é beneficente e dispõe de 160 leitos, dos quais utiliza 51 para pacientes do SUS.
O diretor do Nosso Lar, Enier Guerreiro da Fonseca confirmou a negociação dos leitos com a Santa Casa e explicou que a psiquiatria na Capital é subfinanciada pelo SUS, pagando R$ 43,73 por paciente, quando o custo é de R$ 212,00 por dia, com alimentação, medicamentos e internação. "Os R$ 43,73 do SUS não cobre esse tratamento e o hospital acaba ficando com o déficit que se acumula durante o ano", alega o diretor.
Os médicos e profissionais que atuam na psiquiatria na Capital demonstraram preocupação pela falta de clareza nas informações sobre a desativação da ala na Santa Casa e afirmam que o setor oferece mais serviços do que apenas a internação.
Ainda durante a semana, após o anúncio da desativação da ala psiquiátrica da Santa Casa, o procurador de Justiça Francisco Neves Júnior, coordenador do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Constitucionais do Cidadão e dos Direitos Humanos do MPMS, reuniu-se com representantes do setor para discutir o fechamento e a busca de soluções para o problema.
Dessa reunião, onde participaram deputados integrantes da Comissão Permanente de Saúde da Assembleia Legislativa, representantes da Defensoria Pública do Estado e dos médicos psiquiatras e trabalhadores da psiquiatria, foi definida uma nova reunião para esta segunda-feira para tentar um acordo e não fechar a ala na Santa Casa.
No caso da falta de acordo, ou decisão confirmada pela diretoria da ABCG, o presidente da Comissão de Saúde, deputado estadual Paulo Siufi (PMDB) afirmou que poderá abrir uma ação judicial contra a Santa Casa, pela permanência da ala psiquiátrica.
Com o fechamento da ala psiquiátrica, o setor de ambulatório, que atende cerca de 6 mil pacientes na Santa Casa também poderá encerrar suas atividades, que atendem crianças, adolescentes e idosos em atendimento ambulatorial, com acompanhamento clínico.
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