DOURADOS

Secretária troca direção do HV após morte em plantão sem médico

Função de diretor técnico do Hospital da Vida teve mudança - Crédito: André Bento/Dourados News Função de diretor técnico do Hospital da Vida teve mudança - Crédito: André Bento/Dourados News

A secretária municipal de Saúde de Dourados, Berenice de Oliveira Machado Souza, trocou o diretor técnico do Hospital da Vida nesta segunda-feira (2). Na condição de interventora da Funsaud (Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados), revogou a designação do médico Majid Mohamad Ghadie e nomeou Irineu Renzi Junior para a função.

Criada em 2014 para administrar o HV e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), a Funsaud está sob intervenção da prefeitura desde 13 de junho deste ano por causa de dívidas superiores a R$ 21 milhões. Procurada pelo Dourados News nesta manhã, Berenice não atendeu a ligação feita pela reportagem e nem respondeu a mensagem enviada com a pergunta sobre o motivo dessa mudança.

No dia 23 de agosto a prefeita Délia Razuk (sem partido) já havia revogado trecho de decreto que nomeava Maria Izabel de Aguiar coordenadora geral da intervenção.

Além disso, está previsto para este início de setembro depoimento da secretária de Saúde ao MPE-MS (Ministério Público Estadual) em investigação aberta para apurar morte ocorrida durante plantão sem médico no Hospital da Vida

Colocado sob sigilo no final de agosto por determinação do promotor Etéocles Brito Mendonça Dias Junior “para fins de resguardo da intimidade e sigilo médico da vítima”, o procedimento já havia apurado, até ali, “uma sucessão de erros administrativos de grossa monta, todos contribuintes, de forma direta ou indireta, para a fatalidade”.

A investigação é motivada pela morte de Roberto Gonçalves Braga, ocorrida no dia 21 de julho. Ele tinha 34 anos quando colidiu a Honda Biz que conduzia, de cor preta e placa NRM-1439, de Dourados, na traseira de um VW Gol que estava parado atrás de uma sequência de carros na Avenida Marcelino Pires, região da Cabeceira Alegre.

Socorrido polo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), foi levado ao Hospital da Vida, onde não resistiu aos ferimentos. Segundo o MPE, no procedimento investigatório já foi possível apurar “uma cadeia de fatos reveladores de uma sucessão de erros administrativos de grossa monta, todos contribuintes, de forma direta ou indireta, para a fatalidade”.

Nos depoimentos colhidos até agora e obtidos pelo Dourados News, o MPE já ouviu do médico Renato Oliveira Garcez Vidigal, coordenador do Samu, que a vítima morreu após mais de uma hora de tentativa de reanimação sem qualquer ajuda médica no Hospital da Vida.

Essa mesma versão havia sido relatada pelo também médico Thaigor Reze, intensivista do Samu que socorreu a vítima após acidente de trânsito na Avenida Marcelino Pires. Segundo ele, no dia anterior a essa tragédia houve problema semelhante na unidade hospitalar, falta de médico plantonista, “porém sem a mesma repercussão, pois não houve óbito”.

E até o médico intensivista Gecimar Teixeira Júnior, apontado inicialmente como possível plantonista da ocasião, relatou ao MPE uma confusão total de informações na composição daquele plantão e afirmou não ter sequer vínculo formal com a prefeitura.

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