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Sem conseguir engravidar de novo, mãe decide ter 'filha do coração'

Regina Célia Gomes Barcellos, de 47 anos, decidiu casar-se tarde, mas sempre teve o sonho de ser mãe. Não demorou para descobrir as dificuldades que teria para engravidar. Após muitos exames e o diagnóstico, veio o tratamento e, finalmente, a gravidez. Mas uma era pouco.

Quando Vitória tinha 2 anos decidiu aumentar a família e mais uma vez teve de enfrentar todos os obstáculos de novo. Desta vez não deu certo. Daí a ideia de ter um filho do coração.

Vitória já tinha 9 anos quando apareceu Júlia, hoje com 5 anos. O casal que é de Campo Grande teve de viajar 313 quilômetros até Três Lagoas para conhecer a nova integrante da família. Foi amor à primeira vista. "Batemos os olhos nela e falamos que era ela. Ela lembrava minha primeira filha, o jeitinho era igualzinho", lembrou Regina.

A semelhança não se restringiu apenas às questões físicas. Coincidentemente, as duas crianças comemoram o aniversário em março. A mais velha no dia 6 e a mais nova no dia 18. A escolha por uma menina foi a pedido da filha mais velha que queria uma irmãzinha. Todos gostaram da Júlia logo de cara que na época tinha 2 anos e 2 meses.

O encontro foi num dia e no outro já estavam em casa. Regina contou que a adaptação foi fácil por causa da pouca idade da caçula.

"Nós chegamos à noite e no dia seguinte ela acordou tranquila. Acho que ela não sentiu a mudança porque era um bebê. Nos primeiros dias, ela só chamava a gente de tio e tia porque era assim que ela chamava os adultos na creche, mas na semana seguinte já começou a chamar a gente de pai e mãe", disse.

A irmã Vitória disse que ficou muito feliz com a chegada da irmã e se lembra certinho como foi o encontro. "Fiquei feliz porque sempre quis ter uma irmã. Ela pegou minha bolsa e começou a brincar", contou.

A relação das duas não é diferente de quem tem o mesmo sangue. Brigas, brincadeiras, quarto compartilhado e até divisão de doces, tudo isso faz parte do cotidiano. E o ciúmes? Neste quesito, é a menor da família, que chegou por último, a mais ciumenta.

"Não tenho ciúmes dela", disse Vitória. "Júlia é que tem ciúme da Vitória”, revelou a mãe. Para o pai Hamilton Antunes Barcelos, de 47 anos, não há diferença entre a filha de sangue e a do coração. "Para mim é tudo igual como se tivesse nascido aqui", pontuou.

Tratamento

Regina descobriu que tinha as trompas obstruídas, impedindo o processo fecundação, pois por meio delas é possível o encontro entre espermatozoides e óvulos. Foram três tratamentos para desobstruir as trompas, mas ao fim do processo, a gravidez aconteceu no ciclo seguinte.

Quando decidiu engravidar de novo, Regina teve de passar por tratamento novamente. E depois de três obstruções das trompas, o resultado foi negativo. Para realizar o desejo de ser mãe de novo, a solução foi encontrar uma criança já nascida como a Júlia. Para o processo ser natural, a mãe reuniu toda a família antes de entrar na fila de adoção.

Foi um ano e quatro meses de espera, quando em 2012 avisaram de uma criança em Três Lagoas para adoção. O casal queria uma menina recém-nascida ou com até dois anos de idade. Mas os dois meses a mais de Júlia não foi impedimento.

Desde cedo, Regina fez questão de não esconder a verdade da filha. Quando alguém pergunta para a pequena como ela nasceu, Júlia responde: "A Vitória veio da barriga e eu do coração da mamãe".

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